quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

V. I. Lenine

De 26 a 28 de Maio de 1921 realizou-se em Moscovo a “X Conferência de Toda a Rússia do PCR”.
No terceiro tomo da edição de Obras Escolhidas de V. I. Lenine, edição conjunta das Edições Progresso, Moscovo e Edições Avante!, Lisboa, de 1982, em nota, esclarece-se que participaram 239 delegados e as matérias em análise iam da política económica à reforma financeira, passando pela indústria e pela cooperação entre outros assuntos. E diz mais:
“Os trabalhos da Conferência decorreram sob a direcção directa de Lénine. Este abriu a Conferência, interveio a propósito da ordem de trabalhos, fez um relatório sobre o imposto em espécie e pronunciou discursos no encerramento da discussão desta questão e no encerramento da Conferência. A Conferência aprovou a resolução ‘Sobre a política económica’ cujo projecto foi preparado por Lénine, o qual interveio repetidamente durante a sua discussão” (p.718). Ou seja, o rapaz fartou-se de trabalhar!
No início de cada discurso, e mesmo antes do tradicional, Camaradas! que abre a palestra, entendeu alguém escrever entre parênteses: (Aplausos) ou (Aplausos prolongados). Além disso ainda se lê de vez em quando, a meio do texto (Risos).
Pergunto eu: se são as obras dum autor, terá o mesmo feito acompanhar o discurso com dicas teatrais, para sabermos o que fazer no momento da leitura? Se assim for, podemos considerar que ele gostava mais dos discursos assinalados com (Aplausos prolongados)? Serão os aplausos prolongados uma tentativa de adiar o discurso…? E os (Risos)? Chegaram à gargalhada? Eram de gozo e escarninhos? Ou simples sorrisos de quem diz: Bem, pelo menos não estamos a trabalhar…
Pois não sei. Apenas sei que olho para a fotografia do início do livro, para um Vladimir Ilitch que substituiu o Uliánov por Lenine, e não tenho qualquer dificuldade em visualizar aplausos prolongados diante dos seus discursos. Relembro a sua imagem na Praça Vermelha, onde estive numa fila para entrar no mausoléu, e comparo-o com Mao Tsé-Tung, que me fez esperar numa fila na praça Tiananmen, ou praça da Paz Celestial (curioso, não é?) e concluo que são dois mortos com vidas diferentes. Mesmo de olhos fechados é como se Mao nos olhasse e Lenine nos visse…

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