sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

12 de Março de 2007

João
Acho que gosto de ti com toda a minha loucura e são para ti todas as lágrimas que eu guardo ao longo do dia e que há muito não derramo.
Nunca pensei que seria capaz de me suicidar, mas deve ser qualquer coisa assim que sentem aquelas pessoas que estão ligadas à máquina, meio vivas meio mortas. Elas próprias são meia máquinas, um relógio, um zombie, caminham não sabem para onde, estão mortas e não sabem. Estou farta de caminhar em estradas alcatroadas e empedradas por onde já passaram milhares de pessoas; esses caminhos seriam delas, meus não são certamente. O meu sítio está à minha espera, que eu o descubra, que eu o desbrave. Mas não o posso fazer porque estou aqui presa; outros diriam que era por causa das responsabilidades que tenho: e eu não sou responsabilidade de ninguém? Sou da minha responsabilidade e é por isso que me sinto coagida a fazer qualquer coisa. A música acalma-me imenso algumas tentações que tenho, mas começa a não chegar. As pessoas aborrecem-me cada vez mais, obrigam-me a esforços incomensuráveis para ter paciência para as ouvir e responder-lhes. Isso não quer dizer que eu não continue viciada em pessoas, continuo. Mas faço esforços para conhecer pessoas novas, talvez através delas eu encontre o que procure.
Olha-me esta agora, com problemas existenciais, anda a ver muitos filmes, a ler muitos livros e fez-lhe mal falar com o Paulo Coelho, e pensa que pode ser como ele: estás tu a pensar!! Problemas existenciais têm os desgraçados do Kosovo, as mulheres do Irão, as crianças da Índia, e mais uns milhões de pessoas por esse mundo: continuas tu a pensar.
Se me conheces um bocadinho sabes que não é assim. Mas descansa, as grades à minha volta não me deixam fazer nada.
Pode ser que um dia, o guarda, deixe a porta aberta por esquecimento...
Camila

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