quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

4 de Outubro de 2006

Silvestre
Você tem andado estranho!
Passa-se qualquer coisa que o tem deixado meio (ou um quarto) amargurado, distante, até de si próprio.
Parece que faz um esforço para ser o mesmo, parece que já não tem vontade de ser o mesmo, parece que já não sabe ser o mesmo, parece que se esqueceu de ser o mesmo.
Provavelmente, tudo não passa de um filme na minha cabeça, mas que parece, parece…
Tenho a ideia que anda fugido, que cometeu algum crime, mal organizado, na sua cabeça ou na sua conduta e que qualquer contacto com um comum mortal, poderá fazê-lo lembrar daquilo que não está esquecido.
Ri-se pouco, quase nada, a sua imagem de marca nas conversas está ausente, como um dia sem nuvens mas onde não se visse o sol.
Quando encontra alguém, parece que representa um papel, que faz um esforço, um sacrifício para arrancar qualquer coisa das cordas vocais. Parece que está desejoso que todos, ou quase todos, desapareçam da sua vista, para finalmente poder respirar.
Até a sua chafarica, parece estar mais organizada!
Não pretendo com estas palavras que me diga nada. Nem sim nem não.
Só lhe quero dizer que, embora o negue até interiormente, está estranho, diferente. Deixou de ser aquele  zurzidor, digno dum relato de feitiçaria, a que estava habituada, com os ramos a dar a dar, levantando vento e acordando os transeuntes. É fase? Vai passar? Vai ficar?
Mais uma vez isto são perguntas de retórica. Não exijo resposta. Apenas peço uma explicação. Penso que mereço.

Camila

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