Saratov é uma linda cidade à beira do maior rio da Europa, o Volga.
As suas casinhas de madeira, pintadas de azuis e verdes e amarelos e laranjas, desabrocham na vegetação, a maior parte do ano coberta de neve. É uma cidade fria em temperatura, mas de pessoas quentes, muito quentes.
Na cidade de Saratov vivia uma linda rapariga chamada Kátia.
Kátia vivia sozinha com a mãe, num apartamento rústico, longe da sua dacha natal, sujeita aos perigos da cidade e aos tormentos da neve. Kátia adorava a mãe e por ela fazia tudo. A mãe não era muito saudável e passava muito tempo na cama, doente, para grande preocupação de Kátia.
A beleza de Kátia era apreciada por todos quantos a viam. A brancura da sua pele assemelhava-a à czarina Catarina. A sua inteligência elevava-a ao nível de Pedro, o Grande. A sua ira de viver evocava Ivan, o Terrível, pela magnitude das suas acções, sempre confundidas com maldade, um erro histórico impossível de reparar.
Sendo Saratov uma cidade tão fria, Kátia, à imagem de todas as outras raparigas, usava collants por baixo da roupa, normalmente saias muito curtas – a moda, ai a moda, que sacrifícios se fazem em nome da moda – e casacos muito compridos, tudo coroado por barretes e gorros e chapéus o mais quentes possível, de modo a não deixar arrefecer as belas cabecinhas, e entre as mais belas, a de Kátia…
Um dia, no pino do Inverno, com uma tempestade de neve a ameaçar abater-se sobre Saratov, Kátia chegou a casa transida de frio e encontrou sua mãe febril, deitada, sem forças. De repente a tempestade abate-se sobre a cidade, não deixando ver nada, tal a força do vento que elevava a neve, fazendo parecer que um poderoso e denso nevoeiro se apoderara da cidade. Olhar pela janela metia medo. Assustadas, as duas mulheres tentavam perscrutar o horizonte quando, sem se perceber porquê, um dos vidros da janela se partiu, inundando a sala com neve e fazendo tudo voar, com o vento.
Kátia, vendo sua mãe doente e sem saber o que fazer para a proteger daquele pesadelo e percebendo que tinha que agir, resolveu empoleirar-se em cima do beiral e com as partes pudendas tapar o buraco da janela por onde entrava o vento assassino.
Assim resistiu uma hora, até a tempestade abrandar.
Quando finalmente conseguiu sair daquela posição, o seu ar era de felicidade por ter conseguido proteger a sua amada mãe. Porém, o frio e o vento cortantes tinham-lhe feito desaparecer a parte dos collants que lhe tapava a parte do corpo que costumava usar para se sentar.
A linda Kátia desatou num pranto de infelicidade sob o olhar pasmado da mãe que lhe dizia:
-Minha querida filha não chores. Vê as vantagens que terás em usar uns collants assim. Poderás usar unhas postiças, sem grande perigo de rasgares as meias.
Kátia parou de chorar e de soluçar, olhou-se ao espelho e descobriu que tinha um belo rabo, o rabo ideal para sorrateira e subrepticiamente mostrar a quem entendesse.
Agradeceu à mãe (as mães sabem sempre muito…) e saiu para a rua a fim de mostrar a sua novidade.
E foi assim que nasceu a lenda de Saratov que ainda hoje leva jovens do mundo inteiro a esta cidade em busca de collants sem rabo, sem sucesso, uma vez que só a bela Kátia tinha rabo para os usar.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
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