Na sexta feira fui jantar a casa dum colega: ele, a namorada, eu, mais amigos que eu desconhecia, todos nos 30 de idade.
Adivinhava eu uma sessão de cotovelos em cima da mesa com longa conversa e muitos cigarros e vinho mas saiu-me o tiro pela culatra ou lá como se diz: fazem pouco e conversam para saber se nos últimos dias algum deles descobriu a fórmula para fazer ainda menos. Falam de coisas majestosas que anseiam, como uma casa assim e assado, um carro não sei quê, e o que farão quando estiverem de papo para o ar a viver dos rendimentos...
A pretexto de ir à casa de banho escapuli-me daquela sala. Para dizer a verdade a casa era gelada: tinha quatro pisos, quartos mobilados e essas coisas, mas o que me gelou, como se tivesse a certeza que era uma casa assombrada foi não ver um único livro. Juro.
Para mim uma casa sem livros é um quadrado de paredes sem janelas, paredes tão grossas que o oxigénio não consegue entrar e sinto dificuldade em respirar. Mais uma vez juro que é assim. Estou a lembrar-me por exemplo da casa dos meus tios no Alentejo: eles têm jornais velhos para ajudar a acender o lume: podem não os ler, mas eles estão lá e só eu saber da sua existência cria em mim um sentimento de pacifismo... Bom, mas a verdade é que a casa não tinha livros e isso chocou-me, alterou-me, arrefeceu-me e deixou-me a pensar nisso até agora...
Sabes aquelas pessoas que comem até á exaustão? Sinto-me assim com os livros e também não sei se isto faz bem... sinto-me sempre carente e só sossego quando largo o corpo sossegado num sítio qualquer e fujo pelas palavras dos livros que me levam o espírito para qualquer outro lugar.
Como é que dizia Brodsky? Nao ler livros é um crime que os indivíduos pagam com a vida e os países com a História...
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
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