Meu amigo(?) Vítor
Vais viver para todo o sempre com uma culpa nos ombros, pesada como todas as culpas e indesculpável como as culpas verdadeiras… hoje não almocei!
És tu o culpado de eu ter ingerido uma mal parida sandes com um suminho de cenoura que uma colega foi desencantar não sei onde.
Esperei por ti para almoçar e, já a definhar por aqui fora, a arrastar-me de fome e sede, com a vista enevoada, a confundir os sons, sem conhecer as pessoas… pedi encarecidamente que me trouxessem de comer e de beber, caso contrário, em poucos instantes, assistiriam a uma morte que assim se anunciava e seriam, eles também, cúmplices deste crime malvado.
E foi assim que consegui convencer alguém a alimentar-me…
Agora que já estou um pouco, não muito, recuperada, escrevo-te com dedos acusadores: poderás tu viver nesta culpa tão tamanha? Bem, só vejo uma forma de te redimires… deixares-me pagar o próximo almoço que, espero, seja nos teus primeiros dias em terras lusas, assim que chegares.
Meu amigo, só hoje li a tua mensagem e confesso que tive que segurar as lágrimas. Mais uma vez não desencanto as palavras certas para te dizer o que penso: és tão íntegro, tão pessoa completa! Mas ao mesmo tempo dizes tantos disparates… fico sem saber o que dizer... Acabei de falar contigo ao telefone… acho divertido pensar que quando leres isto, que escrevo no futuro, já seja passado.
Beijos com muitas saudades
Camila
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
7 de Maio de 2006, (mês do Coração e das Flores e de Maria e das Mães)
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