Se eu tivesse uma arma, tipo pistola ou espingarda, usá-la-ia sob determinadas circustâncias; em casa, se fosse assaltada, ou inadvertidamente, a limpá-la, por exemplo. Se fosse caçadora usava-a na caça, ou inadvertidamente, também na caça ou em casa. Se eu fosse polícia, no desenrolar da minha profissão, ou inadvertidamente, na execução da minha missão ou em casa. Se fosse uma desportista, no âmbito da prática do desporto eleito, ou inadvertidamente, a treinar ou em casa.
Para usar uma arma tradicional é preciso tê-la ou aceder-lhe, para a usar conscientemente é preciso tê-la ou aceder-lhe e saber usá-la. Porém, há armas que usamos inconscientemente, sem qualquer pejo, atirando a matar em qualquer direcção, transformando-nos em assassinos e suicidas. Acontece todos os dias, todas as horas. Aconteceu no Domingo com a mãe dum amigo que foi atropelada.
Conduzir é andar com uma arma na mão. Conduzir com 2,6 de álcool no sangue é andar com uma arma sempre a disparar. Não há tempo de reacção, não há reacção, não se pensa. A loucura instala-se mas não a vemos nem a sentimos. O álcool transforma as pessoas em animais e quando vamos a conduzir transfiguramo-nos em animais sedentos de sangue sem nos darmos conta. O curioso é que as pessoas que seguem connosco dentro da viatura não levantam problemas, ou seja, confiam em nós. Como é que é possível? Como é que podemos defraudar assim os outros, mulher e filhos, que connosco viajam e nem se apercebem que quem conduz não é o papá e sim um lobisomem pronto a atacar, porque assim é a sua natureza?
Assustam-me estas pessoas, terroristas urbanos, que não querem saber de si próprios e, claro, não têm o mínimo respeito pelos outros. Andam com uma bomba na mão e fazem-na explodir quando menos se espera. Quando menos esperam. Porque não controlam nada, porque não se controlam, porque o álcool não o permite. A mistura explosiva álcool e automóvel é devastadora e transforma as pessoas em máquinas de guerra que matam e espalham desolação, angústia e ódio à sua volta.
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