Cada vez que vou às compras trago para casa toneladas de plásticos o que me leva a pensar que as preocupações com o ambiente são simples palavras, falsas nos actos.
Uma costeleta com 100 gramas vem numa embalagem que pesa outras 100 gramas duma espécie de esferovite, com película por cima e num colchão fofo doutra matéria qualquer que absorve o sangue da peça de carne. Três costeletas têm direito a uma caixa gigante onde cabia o porco todo com pocilga incluída e espaço para meia dúzia de sobreiros para que o animal tivesse bolotas suficientes para se alimentar. Pergunto: para quê?
À excepção das salsichas frescas que vêm apertadinhas lado a lado, vem tudo à vara larga, como se as peças de carne precisassem de espaço para, mais do que respirarem, correrem a maratona. É Bruxelas que exige que o comer seja vendido assim em detrimento do gasto, a vários níveis, com o ambiente? São as empresas fabricantes destes produtos que não vendem outros com dimensões apropriadas?
Trazemos para casa embalagens para produtos alimentares em plástico, alumínio e papel, latas de conservas em alumínio, latas de aerossóis, embalagens cosméticas, farmacêuticas, e mais um mundo de desperdício que pagamos bem pois não acredito que tudo aquilo não se reflicta no preço dos bens de consumo. Pergunto: para quê?
Vou comprar pão à loja da esquina e o empregado põe os pãezinhos num saco de papel que, por sua vez, mete num saco de plástico com asas. Para facilitar.
Na secção de legumes dos supermercados há cenouras e alho francês e abóbora e feijão verde e mais cinquenta outras coisas já embaladas – nas tais caixas que parecem esferovite – e que custam apenas 1 euro. O consumidor vai atrás do 1 euro pensando – mal – que é uma oportunidade a aproveitar. Porém, se olharmos com olhos de ver verificamos que são mais caros que os que estão ao lado para serem vendidos ao peso! O euro que pagamos, embora nos pareça pouco, incluí o trabalho de embalamento bem como o preço da caixinha que, em casa, vai directa para o caixote do lixo. Pergunto: para quê?
A forma como as coisas nos chegam às mãos parece ter mais importância do que as próprias coisas em si. Um laçarote é sempre um laçarote, mesmo que lá dentro venha um par de meias brancas com raquetes nos tornozelos!
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