segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pesadelo

Estava numa casa de banho cuja banheira tinha como resguardo uma antiga colcha que guardo no fundo dum armário, de tecido grosso, castanho, de cornucópias em relevo. Apesar do peso do cortinado, pendurado à volta da banheira, ondulava como se fosse de seda fina. Lembro-me que abri a porta da casa de banho, espreitei e voltei a fechá-la. A curiosidade em saber como era possível que aquilo ondulasse levou-me a abri-la novamente. Lá estava o cortinado castanho enfunado com uma vela de navio. A fazer uma enorme barriga. Ainda a curiosidade levou-me a afastá-lo e enfiar os olhos dentro da banheira onde me apercebi dum vento, não, era mais um sopro forte que vinha da parede. Empoleirei-me no bordo da banheira e elevei o corpo ficando com a cabeça à altura do varão onde o tecido de cornucópias feito resguardo se pendurava. Vi uma abertura com várias entradas, ou saídas, como se fossem minúsculas gavetas dum móvel de onde saia aquele sopro que me pareceu mortal. No meio das mini gavetinhas estava uma caveira como se fosse uma aldraba. Não a bati, e comecei a gritar cheia de medo.

Abri os olhos aterrorizada e fugi para a cama do meu filho com o coração a bater a mil à hora. Ele foi buscar-me um copo de água gelada que bebi sofregamente e passei parte da noite com ele. Porém, como não estou habituada a dormir acompanhada, assim que lhe tocava acordava imediatamente e, já amanhecia, regressei à minha cama na esperança de conseguir dormir uma ou duas horas seguidas. O mal-estar ainda se mantém.
Quem soprava aquele medo na minha cara?
O Dicionário de Sonhos diz que sonhar com um reposteiro significa que na noite seguinte se terá outro sonho onde será feita uma revelação sobre o futuro. Indica ainda que alguém nos oculta alguma coisa que, se a soubéssemos, contribuiria para a nossa boa sorte.
A fazer fé nisto pergunto-me quem me esconderá o quê e porquê? Penso na quantidade de gente que esconde coisas uns dos outros e vejo que me incluo no lote. Tento lembrar-me de alguma coisa que eu esconda e que pudesse melhorar a vida a alguém. Nada me ocorre, são coisas que se prendem com o não afligir seja quem for. Para quê criar mais e novas preocupações?
Estou sentada à secretária e o cortinado das cornucópias passa-me pela vista. Por décimos de segundo pergunto-me se já terei acordado.

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