segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Chegou o Natal!

Foi em Agosto, mas fazia frio, muito frio, de tal forma que comprámos um polar, uma fita para tapar as orelhas e andámos com o abrigo, levezinho, que tínhamos levado, os dias todos que por lá andámos. Lá onde? Na Lapónia.
Como não podia deixar de ser fomos a Rovaniemi ver a aldeia do Pai Natal, a maior turistada da minha vida. Porém, tirámos o retrato da praxe e andámos por ali a passear, sendo o ali dezenas de lojas que mesmo em Agosto só têm coisas de Natal, ou não fosse lá a morada oficial dele.
Mas quem é que tem vontade de comprar bolas coloridas para o pinheiro de Natal em Agosto? E anjinhos? E vaquinhas e burrinhos? Uma camisola de lã ainda vá que não vá mas de preferência sem um gordo Pai Natal no peito ou uma manada de renas a voar em direcção ao pescoço!
Um dos serviços que têm consiste em escrevermos um texto que será enviado na data escolhida para a pessoa e morada que lá deixarmos. É um serviço bem pago do qual já reclamei vezes sem fim pois o meu sobrinho nunca recebeu a carta que lá deixei encomendada e paga. As reclamações vão para um caixa automática de e-mail que deve receber mais cartas que o próprio Pai Natal!
Tudo isto vem-me à memória pois como fui ao Leroy Merlin aí umas cinquenta vezes no fim-de-semana constatei que as decorações de Natal já estão em exibição. Entrei e senti-me nas lojas lá de Rovaniemi que, quais vasos comunicantes, ligavam umas com as outras, talvez para manter as pessoas quentinhas no Inverno e leves de bolso, pois andar ali é uma tentação e vamos ficando levezinhos a cada passo.
Tendo em conta que sábado fez um dia espectacular de sol, eu e mais meio mundo andávamos de roupa de Verão o que contrastava com toda aquela panóplia de fitas coloridas e bolas gigantones com ar de órfãs que querem ser adoptadas e levadas para casa. Sacos de neve e fitas com ar de terem estado ao livre no Árctico são vistas com mãos inquiridoras e, mais estranho ainda, são compradas por pessoas com ar compenetrado, certamente especialistas de anjinhos voadores entrelaçados com ráfia, uma profissão rara, mas que ali se concentra.
O gesto que mais gosto de observar quando alguém parece indeciso numa compra é o afastar da peça com a mão, colocando-a a certa distância da vista, como se a proximidade desse uma perspectiva enganadora e, então, afasta-se a coroa de ramos de pinheiro pensando se ficará bem naquela porta, por cima da lareira ou pendurada na parede. Parece que sim porque a senhora mete a coroa no cesto verde, enorme, onde já há uns anjos salpicados de neve e um trenó de vime, verde e encarnado.
Afinal devia ser Natal todos os dias, todos os dias comprarmos árvores e fitas, todos os dias enfeitarmos a casa, todos os dias fazermos bolos e troncos de Natal, todos os dias comprarmos roupa nova, todos os dias esperarmos com ansiedade a prenda que nos coube na sorte, todos os dias… ai o Natal não é isto?

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