Ontem à noite Francisco Louça esteve à conversa com Mário Crespo no Jornal da SIC Notícias a propósito de ‘Os donos de Portugal’. Tenho-o na secretária mas ainda não o li, embora esteja curiosa. Porém, estas palavras não são sobre o livro e sim sobre a SIC, cujos funcionários da edição em directo estão a conversar sobre tudo e não a prestar atenção ao que estão a fazer.
Lembro-me de ter acompanhado uma pessoa que foi ser entrevistada na SIC e enquanto decorria a entrevista eu estava na retaguarda a ver em directo e, em simultâneo, a ver na televisão, ou seja, a ver o que as pessoas vêm em casa. A legenda por baixo do entrevistado tinha, não um, mas dois erros no nome do entrevistado. Perguntei em sussurros quem fazia aquilo e indicaram-me uma cabina onde estavam duas pessoas diante de mesas de mistura e mais equipamentos dos quais não sei o nome. Bati no vidro e fizeram-me sinal para entrar.
- Desculpe, o nome na legenda está mal
Olham as duas para o ecrã e dizem:
- Ai pois está.
Inclinam-se para a frente e teclam no computador. Vejo que apenas corrigem um erro, o outro mantêm-se.
- Olhe… ainda está mal.
Voltam a olhar e finalmente lá corrigem tudo.
Penso que se fosse comigo ficaria envergonhada, mas a dupla continua como se nada fosse e eu volto ao meu posto de observação.
Ontem aconteceu o mesmo. Em duas legendas diferentes havia dois erros, um deles ainda corrigido, mas apenas na última vez que apareceu. Imagino-os no último segundo a darem conta dum trabalho mal feito e a alterarem o que nem devia ter sido escrito. Singulares casam com plurais sem qualquer problema, femininos com masculinos, passados com presentes e futuros, fazendo as legendas, não só da SIC mas de todos os canais, parecerem textos escritos à índio, onde pouco mais se sabe que o infinito dos verbos.
Custa-me este desleixo, esta inércia, a sorna que se sobrepõe à aplicação, ao empenho e atenção ao que se faz. Ninguém parece importar-se. Ninguém é chamado à atenção. Ninguém se preocupa.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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