terça-feira, 12 de outubro de 2010

Jorge Volpi

Ontem ouvi o escritor mexicano Jorge Volpi a afirmar que mais forte que a globalização de alguns traços culturais exportados e adoptados em todo o mundo, é o desconhecimento que temos uns dos outros, vizinhos do lado incluídos.
O tango argentino dança-se em todo o lado, comem-se pizzas ou sushi, saboreiam-se charutos cubanos, ouvimos música daquém e dalém mar e mais uma infinidade de partilhas mas, na verdade, não sabemos quem são nem o que pensam os espanhóis, e falo deles para dar o exemplo do nosso vizinho do lado.
Queixava-se ele do desconhecimento entre países da América Latina pelos países da América Latina, afirmava ele sorrindo que a Europa tinha conseguido unir-se ao contrário da América, não obstante os esforços de Simón Bolívar.
Tento não perder a oportunidade de ouvir pessoas que desconheço e afirmo o meu desconhecimento sobre Jorge Volpi até há meia dúzia de dias atrás. Hoje quero lê-lo e pesa-me a dificuldade de não conseguir atingir o objectivo do qual ele ontem falava: conhecê-lo.
Da lista de publicações de Volpi tenho a promessa do empréstimo de El insomnio de Bolívar. Mas e A pesar del oscuro silencio (Planeta, 2000), Días de ira (Muchnik Editores, 2000), La paz de los sepulcros (Seix Barral, 2007), El temperamento melancólico (Seix Barral, 2004) Sanar tu piel amarga (Algaida, 2004) ou El juego del Apocalipsis (DeBolsillo, 2000)?
Saio destas sessões blasonada com uma riqueza que não ganho noutros locais, mas vejo o que fica sempre para trás e essa sensação cria-me um vazio enorme, acabando por pensar que tudo o que faço é desnecessário, ou melhor, superficial, perante tanto para ler. Se ao menos a morte não nos pusesse a dormir na eternidade e nos deixasse ler um bocado, mesmo encarcerados numa biblioteca – podia ser o cemitério dos livros perdidos de Zafón – e mesmo que depois mudássemos de ideias e já não quiséssemos ler, mas hoje vivíamos nessa esperança, de que pudesse acontecer, a esperança duma passagem da vida para além da vida, da vida para uma morte que teria que se reconceituar e revigorar de significado.

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