Uma das particularidades deste tempo outonal, vésperas do Verão de S. Martinho, é a diversidade de roupa que se veste. Os armários atafulhados ainda guardam alguma roupa leve de Verão mas abrigam também mais pares de calças protectoras das manhãs e fins de tardes com temperaturas menos amenas; há casacos que atiram para o Inverno e camisas de alças; há uma multiculturalidade de vestes, ou melhor, uma grande confusão, tentativa de conseguirmos estar de acordo com as diferentes temperaturas que fazem ao longo do dia, o que é difícil mas não deixa de ser objectivo a atingir.
Como não sou excepção, embora a minha natureza encalorada me faça andar sem meias até meados de Novembro e preferir passar frio do que carregar casacos, de manhã procuro um abrigo leve, um casaco fino, um blusão de ganga, qualquer coisa que não me pese. Hoje dei com os olhos numa peça que a minha irmã me trouxe de Marrocos, ideal como cobertura para estes dias.
A peça é rectangular com dois metros de comprimento por um de largura, preta com um bordado de dois centímetros, no sentido do comprimento, feito duma lã grossa de todas as cores. Tem ainda como acabamento uma espécie de carcela vermelha a fazer ondinhas.
A bem da verdade a nova peça de vestuário trouxe-me alguns problemas em gerir a parte que fica nos ombros juntamente com as asas da mala e do saco onde levo o almoço, mas lá consegui pendurar tudo no ombro.
Ao instalar-me no metro vi que a senhora sentada à minha frente olhava a minha encharpe, mas aquilo que presumi ser admiração afinal era estupefacção por uma das pontas da dita ter um resto de papel colado, e resto é simpatia, pois os bocados de papel ali colados davam para fazer um livro. Levantei-me e virei o pano ao contrário, tapando os bocados de papel. Quando cheguei ao trabalho atirei a minha bela encharpe para cima duma cadeira e dei início à sessão do dia. Não tardou que entrasse uma colega que agarrou na peça de tecido e, descontraidamente, pôs-se a observá-la tendo-a esticado perguntando o que fazia ali uma toalha de mesa.
Eu bem quis dizer-lhe que aquilo era uma encharpe, que a estreava hoje, que tinha vindo do Alto Atlas, que… mas nada me saiu da boca porque eu também só conseguia ver uma toalha de mesa. Quando finalmente lhe disse o que era ela desatou a rir e disse-me que só eu para trazer uma tolha de mesa aos ombros.
Fiquei entre o irritada e o admirada/agradecida pois apesar de tudo naquela peça dizer toalha de mesa, eu não tinha visto semelhante função.
Conclusão, até pode vir a ser uma toalha de mesa mas hoje e até eu entrar em casa será uma encharpe!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário