Voltei a ter um sonho estranho no qual eu apareço como guia do próprio sonho. Eu estava dentro da minha cabeça e ia explicando a alguém, não sei quem, o que íamos ver a seguir. Como se estivessemos numa exposição. Lembro-me que voávamos dentro do cérebro. E lembro-me de acordar ligeiramente, como quem espreita a uma janela e a seguir se recolhe para dentro. Continuou a visita. Lá dentro, cá dentro, é tudo vermelho escuro, com muitas ruas e travessas e azinhagas, sem avenidas. É tudo apertado e curvo.
Eu falava com os que me seguiam, e que não vi uma só vez, mas sabia que estavam ali. Falava de livros e lembro-me de ter dito uma piada da qual se riram. Ouvi-lhes as gargalhadas: Estou a ler o Livro do José Luís Peixoto, já não tenho Bolaños para a sobremesa.
Na verdade já tenho o Peixoto na prateleira, sinal que já foi lido. Adorei, adorei, adorei, como diria o João César Monteiro. Que surpresa maravilhosa aquele círculo, que encanto tão sereno e, não obstante, tão cheio. O pormenor da avó, tão silencioso, é fatal. Para ela e para mim, leitora.
Comecei ontem com O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Zafón.
Porque raio disse eu que estava a ler Peixoto? Será que no sonho ainda não era hoje? Seria ontem ou há dois dias? E porque é que me entrou gente dentro da cabeça?
Não o senti como um pesadelo, não acordei mal disposta nem angustiada, mas recordo a vista, o horizonte encarnado, e repugna-me.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
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