terça-feira, 20 de abril de 2010

Três a um...

Dão-me boleia até Coimbra A onde, a correr, apanho um Comboio para Coimbra B. A corrida não foi estafante pois tive espaço para pensar agora vou incomodar toda a gente com a maleta de viagem.
Quando ponho o pé no primeiro degrau ponho os olhos também nos passageiros que já estão no interior do comboio: parecia um congresso de malas ou, mais modernamente, uma mob de malas. Todos tinham uma e eram na sua maioria maiores que a minha. Mentalmente chamo-me nomes feios: Estou em Coimbra! Esta malta vai para casa passar o fim de semana...
Chegamos a Coimbra B e na saída com as ditas maletas a quererem ultrapassar-se umas às outras, um rapaz novinho diz-me:
- É pá desculpa.
Fui nitidamente confundida com uma aluna o que me encheu o ego.
Como a estação está em obras e há tapumes em todo o lado o que aumenta a distância entre os percursos e baralha tudo, vou à bilheteira perguntar em que linha é o comboio para Leiria.
- É na linha sete minha senhora.
Raio do homem! Qual minha senhora qual quê? Resmungo-lhe um agradecimento e caminho em direcção à linha sete.
Acendo um cigarro e fico ali a ver as pessoas passar – quase todas com malas – ou seja, fico a exercer um dos meus desportos favoritos: observar quem passa.
De repente, alguém corre – a puxar uma mala! – e quando passa por mim choca com a minha própria mala derrubando-a, e que num ápice levanta, continua a correr enquanto grita:
- Desculpe sêtora!
Por momentos deixei o pensamento em silêncio. Estava dois a um...
Entro no comboio e sento-me à janela, pensando quantas estações serão até Leiria. Avisto o revisor que se encaminha na minha direcção:
- Boa tarde, por favor, daqui a Leiria são quantas estações?
- Então... deixe-me ver... Alfornelos, Verride, Louriçal, Monte Real e Leiria... são cinco.
- Obrigada.
- De nada minha senhora.
Bolas! Três a um... não há nada a fazer...

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