sexta-feira, 9 de abril de 2010

Direitos Humanos

Entro no metro a meio duma conversa entre duas mulheres, sonora como um comício.
A branca diz à preta (as cores são aqui usadas para as distinguir pois não sei os nomes delas e dizer uma disse ou a outra respondeu, ou então a da esquerda disse, e a da direita respondeu, não dá ideia de qual é qual, além do mais numerá-las parece-me uma visão nazista, de modo que optei por esta versão colorida) que o tempo da exploração já acabou, se bem que o 25 de Abril não fosse o que sempre se disse que era, uma balela, é que é e o que foi o 25 de Abril, onde se prometeu muito e não se fez nada.
A preta falava baixo, sussurrando, com receio, talvez, de quê, nem ela sabia. A branca pedia-lhe os contactos, que lhe ia arranjar emprego num trabalho menos estafante, com mais condições, dignidade e humanidade, pois aquilo a que ela, a preta, era sujeita, não era humano. Mas é fixo, respondia a preta. Mas é desumano, ripostava a branca e os direitos humanos existem para alguma coisa. É ou não é?
A minha viagem durou duas estações e não tive tempo de ouvir se alguém respondeu, se Deus, que está em todo o lado, respondeu, se a preta respondeu, se os passageiros da frente, igualmente a ouvir a conversa, responderam.
Terá resposta esta pergunta?

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