terça-feira, 20 de abril de 2010

Leiria

Tenho um dia inteiro livre pela frente em Leiria pois o jogo é só às sete da tarde.
Antes de sair do hotel pergunto onde é a Biblioteca Pública. A resposta é pronta e imediata, mostrando que a recepcionista sabe perfeitamente onde fica.
Caminho até lá e vou perguntando a diversas pessoas para apurar da envolvência de cada um com aquele espaço. Cinco perguntas, cinco respostas iguais o que me leva a pensar que a Biblioteca faz parte da vida da cidade.
Vou ao Turismo, frente a uma agradável Praça de Goa, Damão e Diu, (na imagem) com a água como elemento central que não se realça pois ainda não parou de chover; dão-me um mapa e verifico na legenda que o número 1 corresponde à Biblioteca!
Porém, juntamente com o Moinho de Papel do Lis (que nome lindo), a Igreja do Covento de Santo Agostinho, o Mercado e os Jardins e Miradouros, não tem indicação do telefone, ao contrário do resto das igrejas, hotéis, agências de viagens, castelos, paços, museus (o Museu do Sporting, na lista, vem antes do Museu da Imagem em Movimento e do Núcleo Museológico dos Bombeiros [e nem se menciona o Museu Escolar, mesmo ficando fora do mapa, devia estar lá]). No fim da lista há ainda um grupo de telefones úteis, onde a Biblioteca não consta e, pormenor, consta o Mercado, mas... sem telefone...
O que podemos concluir? Que não tinham o telefone do Mercado? Que se esqueceram? Que não é útil? (Então o que faz aqui?) Que é útil mas que se espera que ninguém precise dele...?
Não há, igualmente, qualquer indicação de horários, nem da Biblioteca nem de nada.

Fiquei com pena de não estar em Leiria dia 24 de Abril: de tarde, no Teatro Miguel Franco vai haver um workshop de ... Barulheira!
Não fazendo a mais pálida ideia do que seja imagino um acontecimento diferente e se for qualquer coisa terminada em ... quico que não seja anárquico, seria uma grande decepção.

Andando pelas ruas descubro duas livrarias, sem grande atractivo e, como o vício é maior que tudo, pergunto pela Bertrand. Informam-me que fica num centro comercial novo e que ir até lá só de carro pois os autocarros que fazem aquele percurso só funcionam ao sábado de manhã (!?) e são quase duas da tarde. Não desisto e ponho-me a caminho a pé, mas a chuva corta-me os passos, forte, intensa e inibidora.
Páro algures a meio, bebo um café e como meia empada (a dor de dentes não me deixa comer a outra meia) e o almoço está feito.
Espero que a chuva passe para voltar ao hotel: preciso de medicamentos, para além dum incómodo (que daria muitos dias baixa a algumas pessoas que conheço) que me dá uma bota em contacto com a meia (odeio meias...grrrr) me fez uma ferida no pé. As botas devem ter-se ressentido da volta: hotel, ruas estreitas, mercado ao ar livre, biblioteca, Bertrand (só meio caminho), para além dos dias antes em Coimbra onde não calcei outra coisa.
Verifico que há quase cinco horas que estou a andar. A chuva não passa, aprisionando-me num café com vista para uma casa amarela parcialmente tapada por um tapume de obras. Os leirienses estão recolhidos para o almoço de sábado. Nesta pequena prisão colectiva e temporária começo a ouvir os outros, os poucos que ali estão, dizendo que se vão embora. Também eu, quero lá saber da chuva.
Passa gente com chapéus de chuva, todos com ar de turista. O meu descansa no quarto do hotel, em direcção do qual me aventuro com água a bater-me na cara. As dores falam mais alto e passo o resto da tarde no quarto.

3 comentários:

  1. Pena tenho eu, não te poder encompanhar nesses périplos ulissaicos entre dores de moentes e as outras da alma. Teríamos trambolhado ali quatro púcaros de palheto, e falado de literatura pra desconsolar a chuva e mandar às urtigas a biblioteca que as trazemos bastas e folheadas na cachimónia. Rai's partávida e quem lá ande... e eu que não te caço numa volta dessas para dois tragos e umas estrofes cantadas do fado do trinta e um...

    e a propósito: vai lá à minha singela casa, e rouba aquela foto dos cordames do veleiro que é tua. Como aquilo continua fechado, ninguém vai dar por falta... ou eu me engano ou andas morta por embarcar numa geringonça daquelas... apesar de isto de marinheiros ser mau e feio gado...

    Que prazer vir aqui ler-te todos os dias.

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  2. Deram-te informações erradas.há urbanas a parar no centro comercial, onde está a bertrand, de 15 em 15 min... Fico com pena que não tenhas alcançado o teu objectivo =)

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  3. Frliluftogvind, soube do vulcão e lembrei-me logo de ti: imagino-te preso, e a gastares as horas nos alfarrabistas enquanto lá fora o céu quer clarear por aproximação do Verão, mas escure por aproximação do fumo, e enquanto eu tenho que picar o cartão de ponto...

    MariaJoanaReis, também lamento não ter sabido que havia transporte, mas assim vim mais leve e com mais dinheiro no bolso, pois livrarias = carteira vazia...

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