Três faixas dão acesso ao semáforo. Aproximo-me na fila do meio. Paro no semáforo com dois carros à minha frente. A fila da esquerda regista quatro carros, a da direita outros quatro. Só a do meio tem apenas três.
Do passeio onde emergem os sinais saltam alguns escoteiros. Vendem canetas. Vou abrindo a carteira antes de chegarem ao pé de mim.
Calha-me um jovem que pára ao meu lado e me estende uma caneta amarela e diz:
- Um euro.
Nem mais uma palavra saiu da boca enquadrada naquela cara inexpressiva, de estátua. Calculando precisamente esse valor já tinha a moeda na mão e entrego-lha. Ele afasta-se sem emitir qualquer som, ao que eu reajo:
- Bom dia e obrigada para si também!
Ouço o que me pareceu um rosnar de bom dia, mas certezas só o que vi a seguir: ele plantou-se atrás do meu carro, no espaço calculado onde eventualmente outro fosse parar. Não se virou para o carro à esquerda nem correu para o carro à direita, ambos nas filas laterais atrás do meu.
O semáforo ficou verde. Ele correu para o passeio, com certeza a aguardar que alguém passasse, saísse do carro e lhe fosse pedir encarecidamente que lhe vendesse um caneta.
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