sexta-feira, 23 de abril de 2010

A solução: Benjamim Malaussène!

Ontem ouvi que mais alguém foi ilibado dum caso de corrupção activa ou qualquer coisa do género. Para Julho está marcada a leitura da sentença do Caso Casa Pia, que dura há mais de cinco anos. Pelo caminho vão nascendo como cogumelos outros casos do género que, talvez por causa da seca (?!), vão morrendo sem grande novidade.
A bem da verdade isto tem imensas semelhanças com a forma como vemos o Iraque: é mais bomba menos bomba, mais terrorista suicida menos terrorista suicida, um mercado arrasado, mais vinte ou trinta mortes, que nem sabemos quem são pois, agravado ao facto de ser mais do mesmo, aquela gente tem nomes impronunciáveis e ninguém quer saber.
Nos nossos tribunais o dinheiro que se gasta, o tempo que se perde, o papel que se usa, os computadores que se utilizam, os afastamentos do trabalho que se exigem, os falatórios que se proporcionam, as dúvidas que se criam, sei lá, tanta coisa... tudo seria resolvido se lessem Daniel Pennac e arranjassem um Benjamin Malaussène, cuja ocupação daria imenso jeito e resolveria himalaias de problemas.
O Sr. Benjamim Malaussène é... bode expiatório.
Não haverá a possibilidade de se criar este cargo e sempre que acontecer qualquer coisa chama-se esta, ou estas pessoas, e eles assumem as responsabilidades, com uma poupança universal que será decerto aplaudida?
Se assim for a Justiça mete prego a fundo na resolução de tantos casos que, como se vê, dão um trabalho desgraçado para se concluir sobre a inocência dos pobres coitados!
Com a contratação dum bode expiatório a Justiça passaria a ser rápida, os culpados seriam apontados e encarcerados num ápice com a consequente sensação de segurança e confiança para o cidadão! Foram presos, os malandros! Diremos nós muito mais sossegados. Já têm o que merecem, estes meliantes! Suspiraremos nós, cidadãos exemplares.
Além disso, o investimento seria baixo pois só receberiam enquanto estivessem na fila até serem chamados a exercer a sua função; assim que fossem presos (Bem feita!) deixavam de receber! É claro que esse valor seria transferido para outro que, entretanto, tomaria o lugar do anterior bode expiatório; mas não me vou adiantar pois acho que isso deve ser discutido pela Ordem dos Bodes Expiatórios ou pelos Sindicatos na área respectiva, cujo trabalho está muito facilitado pois não haverá grandes problemas com férias, higiene ou segurança no trabalho ou faltas injustificadas pois prevê-se que a fila, ao contrário da essência da maioria das filas, ande muito depressa.
Por outro lado, tenho a convicção que não faltarão candidatos para a função: ganham bem nos primeiros dias e a seguir vão para um estabelecimento prisional, mas com comida, bebida e roupa lavada, com tempo para se dedicarem a imensas actividades (ler, por exemplo!) que cá fora não lhes eram permitidas!
Já se pagam tantos subsídios para não se fazer nada, porque não avançar por este caminho? Continuávamos a pagar mas estávamos muito mais tranquilos, nem se compara, e os trapaças sempre podiam ir cultivando umas couves na prisão e, melhor ainda, inscreviam-se todos no Programa Operacional do Potencial Humano, vulgo POPH, ou nas Novas Oportunidades e assim, quando terminasse de cumprir a pena podiam candidatar-se de novo a bode expiatório mas, desta feita, para crimes onde fossem necessárias mais habilitações.
Pergunto-me porque é que nunca ninguém pensou nisto?

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