sexta-feira, 23 de abril de 2010

Judite de Sousa versus Herman José

Ontem vi a entrevista que a Judite de Sousa fez ao Herman José. Contra factos não há argumentos: o homem é uma referência do humor em Portugal, com bonecos criados ao longo de décadas que ficarão para sempre no nosso imaginário. Sempre lhe reconheci uma cultura geral vasta, sempre lhe constatei um deambular por várias línguas onde se movimenta completamente à vontade, (quase) sempre gostei de o ouvir cantar.
A entrevista teve a particularidade de ser conduzida com a familiaridade que o Tu proporciona, uma vez que são conhecidos de longa data. E como conhecidos de longa data que são a Judite de Sousa devia saber, como eu, que nem sequer sou conhecida dele, que o Herman José usa as palavras com propriedade, ou seja, sabe o que está a dizer.
E assim, tornou-se imensamente ridículo quando ele afirmou ser cartesiano, afirmando que o seu nome do meio podia ser Descartes, Herman Descartes José (sic), a Judite de Sousa ter acrescentado, como uma miúda numa sala de aula desejosa de mostrar que sabia a lição, com o braço estendido para que a setôra a chamasse ao quadro, que o primeiro nome do Descartes era René, e sorrindo acrescentou, como lhe isso lhe conferisse créditos, isso sei eu bem... (sic)
O Herman ficou uns décimos de segundo calado a olhar para ela, deu uma gargalhada e continuou a falar de forma a fazer esquecer o ridículo da situação.
Os segundos de silêncio, foram um silêncio de estupefacção para ele onde se lhe podia adivinhar o pensamento: E ela achava que eu não sabia...? E isso, neste contexto interessa para quê...? Perceberá ela que se eu tivesse dito René podia ser confundido com outro qualquer René, por exemplo o do ‘Allo, ‘Allo!? E ainda: Porque terá ficado ela tão contente de dar a conhecer aos portugueses que sabia que o Descartes se chamava René...?
Estas interrogações assolaram-me... Foi como se a Judite de Sousa se tivesse posto em pontas e tivesse feito um plié, esperando ganhar o prémio de sabichona.
Esquisito.

2 comentários:

  1. O episódio após a analogia que Herman fez de si com Descartes denota um certo desconforto por parte de alguns na RTP em relação ao regresso de Herman José.
    Ao longo de toda a entrevista é notória a agressividade da entrevistadora, à qual o entrevistado responde com a familiaridade do "TU" numa tentativa de acalmar os animos ...
    Enfim, eu faço parte do 1/3 que "Gosta de Herman" de que falava Thilo Krassman

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  2. Eu também faço parte desse 1/3, tenho uma divida de gratidão co o Herman pelos momentos que me proporcionou." o homem é uma referência do humor em Portugal, com bonecos criados ao longo de décadas que ficarão para sempre no nosso imaginário" e temos a obrigação de não ignorar isso.

    Quanto à entrevista, a Judite de Sousa parece que sente que ainda tem que provar alguma coisa...achei-a agressiva, o que me leva a ficar descontente com o seu trabalho.

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