Ao fazer uma pesquisa sobre a produção literária de Joaquim Figueira Mestre leio o seguinte na página da Wook:
Joaquim Mestre nasceu em Trindade, concelho de Beja. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e pós-graduado em Ciências Documentais pela mesma universidade.
Gosta de ler e sonhar, de comer e beber, de amar e viajar. E de escrever, também. Por isso é autor de um livro de contos O Livro do Esquecimento (2000) e do romance A Cega da Casa do Boiro (2001). É, ainda, director das revistas Rodapé e Pé de Página. Vive no Alentejo, ermo a que alguns chamam a sua casa e onde as pessoas andam com o sol nas mãos e a lonjura no olhar. Vive num monte onde tem uma vinha e sonha um dia fazer um grande vinho. É director da Biblioteca Municipal de Beja.
As últimas frases são no presente, remetem-nos para a actualidade e não mentem, nem quando sabemos que Joaquim Mestre morreu em Maio de 2009, pela simples razão que pessoas como Figueira Mestre simplesmente não morrem. Como director da Biblioteca de Beja fez o impensável, chegou mais longe, onde ninguém ousara sequer sonhar, com acções que fizeram da Biblioteca o centro do mundo, uma Biblioteca cheia de novos e velhos, de gente. Batalhador e teimoso, diz quem o conheceu, era um homem da vida, no melhor sentido da expressão e por isso não se estranha que se mantenha o sonho de um dia fazer um grande vinho porque as coisas grandes fazem-se com raízes. E Joaquim Mestre é uma raiz na perspectiva profissional, desafiando a própria natureza, o calor do Alentejo, as vozes que diziam ser impossível nascer um oásis naquele lugar. Mas ele fez a Biblioteca de Beja, ele foi a Biblioteca de Beja, ele será sempre a Biblioteca de Beja.
Quem ficou tem uma missão mais arriscada que a de qualquer outro bibliotecário porque ocupa o lugar que foi de Joaquim Mestre, o lugar do Mestre, num espaço maravilhoso aberto até às onze da noite, como se fosse uma igreja para acolher os crentes. Levar a leitura, a discussão, as conferências até às pessoas e trazer as pessoas voluntariamente até uma Biblioteca não é fácil, mas Joaquim Mestre fazia as coisas como se as tivesse praticado durante séculos e deixou em Portugal a Biblioteca mais viva do país.
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