quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O cheiro da Oriflame

Há dois dias na entrada do Metro deram-me um pequeno catálogo de produtos de beleza da Oriflame, que meti na mala, tal como meto na carteira todos os folhetos e panfletos que me dão seja onde for.
Embora não faça qualquer intenção de consultar qualquer astrólogo africano ou proveniente de qualquer outro continente, recebo com um bom dia os papelinhos que me entregam nos passeios de Lisboa, assim como outros com informação sobre dentistas, explicações e aulas de grego e latim, contactos de electricistas, canalizadores, limpa-chaminés, ginásios, restaurantes das mais diversas nacionalidades, sapatarias entre mil outras coisas. Os das sapatarias são os que ficam mais tempo na mala porque penso duas vezes se não hei-de lá ir, atacada por este amor por sapatos que tenho desde sempre, acabando por também seguirem o curso dos outros: lixo.
Porém, o catálogo da Oriflame acabou por dormir na mala duas noites e ontem finalmente tirei-o e enquanto terminava as refeições para hoje dei-lhe uma vista de olhos. Vernizes e géis de banho, perfumes e sombras para os olhos, sabonetes e rimeis, condicionadores para o cabelo e cremes voluptuosos, à primeira vista nada tinha de diferente de qualquer outro catálogo com produtos semelhantes.
Chamou-me a atenção um círculo que havia em algumas das páginas contendo a seguinte informação: ‘Raspe na embalagem para cheirar’.
Primeiro pensei que aquilo era idiota pois onde tinha eu a embalagem para raspar? Depois pensei se não podiam ter arranjado outro verbo? Raspar? Mas eu sou algum gato? E finalmente, como se cometesse uma palermice tremenda, e pensando, vá lá, não está alguém a ver!, atrevi-me a raspar com a unha em cima da imagem e levei o dedo ao nariz constatando que cada fotografia de cada produto dos assinalados com o círculo tinha um cheiro diferente que facilmente se associava aos frutos ou aos produtos que se anunciavam como componentes de cada embalagem!
Não sei se isto é comum – como dizia uma tia minha, desde que o homem foi à Lua, nada me espanta - mas foi a primeira vez que vi tal coisa e fiquei a sorrir sozinha. Acabei por voltar ao início do catálogo e um minuto bastou para ficar com os dedos mesclados de vários perfumes que já não conseguia distinguir. Mas uma vez que raspei o catálogo todo, se encostasse o nariz a cada página podia discernir os cheiros de forma individual. Gostei da criatividade e da forma de realce que leva à atracção dos nossos sentidos.
Com uma vida passada a cheirar papel, e a gostar desse cheiro, fiquei surpreendida pela novidade, tão adequada a um catálogo de produtos de beleza. Se os produtos são bons ou não, não sei, mas esta façanha fez-me gravar o nome: Oriflame.

1 comentário:

  1. Ola!

    De facto a Oriflame desde longa data que inclui nos seus catálogos a possibilidade de cheirar algumas Fragrâncias como também produtos de cuidados do corpo.

    Beijinhos!

    ResponderEliminar