quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

As múltiplas nacionalidades do meu pai

Janeiro é um mês profícuo em aniversários de gente minha conhecida, começando dia 1 com comemorações desta natureza. Ontem, dia 4, fazia anos o meu avô Gualdino, hoje dia 5, é a vez do meu pai, a meio faz o pai do meu filho e lá para o fim, faço eu. Se os comemorasse a todos deixava de ter férias no Verão e mudava-as para Janeiro! Isso acontecerá quando me mudar para o Brasil para aproveitar a estação quente, não antes, livra!
O meu pai, o Sr. Bento, Bentinho ou, a preferida do neto, Bento do Cabo, como era conhecido em garoto por ser filho do Cabo da Guarda, completa hoje 67 anos e percebe-se porque nos fartamos de rir quando a irmã mais velha lhe chama o meu caçula!
Resquícios de vários AVC’s deixaram-lhe a fala ligeiramente distorcida, o que provoca a aparência dum certo sotaque estrangeiro, sem que alguém consiga decidir com exactidão de onde é. Assim, passa frequentemente por finlandês, ilusão que ele alimenta e que compõe contando a história da criação de leões-marinhos, e mais não sei quantos outros animais, que tem num lago na Finlândia. Os garotos divertem-se e os adultos são muitas vezes enganados. Já foi ucraniano, francês, russo, brasileiro e afinal é alentejano. O cabelo, completa e invulgarmente branco, onde uma pequena poupa teima em permanecer, ajuda a criar estas brincadeiras das quais nos rimos e que são repetidas ou reinventadas à medida da assistência.
Desde que o neto começou a jogar andebol tornou-se num afamado especialista da modalidade e algo me diz que agora vamos ter adjunto de treinador de pólo aquático, uma vez que o outro neto é praticante. Resta saber se dará em estilista para acompanhar a vaidade da neta…
Desde que foi operado à vista deixou de usar óculos mas não abdica dos pequeninos, pendurados na ponta do nariz, até aqui para ler. Agora usa-os mais frequentemente para abrir a internet e martelar, verbo que usa como sinónimo de teclar, e que lhe ficou dos tempos em que trabalhava no Diário de Notícias, na altura em que os processos foram informatizados e ele dominava no Macintosh.
Dentro de dias começará uma formação em informática – no momento da inscrição ficarão à espera que lhes soletre o nome estrangeiro, como sempre! – e ao fim dum mês temos Mestre, não de Risco, como um dos seus antepassados, que era uma espécie de arquitecto, daí o nome, mas da net. Daí a ser um pirata, vai um passo! Estamos à espera!
Parabéns Pai!

1 comentário:

  1. Os alentejanos sempre tiveram um apurado sentido de humor. E eu adoro-os também por isso e por serem pouco subservientes. Umas das minhas questões por resolver é porque é que o Partido Comunista conseguiu implantar-se fortemente no Alentejo e não noutras regiões do país?

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