quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ginástica forçada

Como o carro não trabalhava o meu pai chamou o reboque para o levar à oficina. O rebocador (será este o nome do profissional que opera estes reboques?) com o cabo de aço da maquineta abriu um rasgo na chapa do carro. Conclusão, o que se esperava ser qualquer coisa de rápida resolução na mão do senhor mecânico, acabou por ser uma espera que ainda decorre, com substituição de placas metálicas e sei lá mais o quê. Face a isto emprestei-lhe o meu carro e agora, para além das sessões de ginástica nocturna, tenho uma caminhada de cerca de dois quilómetros de manhã e outra à noite, que me serve de aquecimento para o ginásio.
Chego em brasa ao trabalho, encharcada em transpiração, parecendo que não tomo banho há três quinze dias! À noite chego ao ginásio estafada e custa-me fazer subir barras de ferro, empurrar pedais de bicicleta e pôr um pé adiante do outro na passadeira. Mas não desisto. A cada esforço penso no bem que me faz e em como aquele tempo serve de espaço de reflexão na minha cabeça.
Isto até chegarem as minhas amigas, é claro. Aí comentamos em surdina os rabos dos outros ginastiqueiros, elogiamos quem faz flexões com a facilidade de quem bebe copos de água e invejamos a forma física de outros que se penduram por um braço e sobem e descem de varas de metal elevando o próprio corpo enquanto conversam, da mesma forma que eu converso quando vou a conduzir segurando o volante.
Ando com dores no corpo todo e hoje fiz o caminho de casa até à estação de metro quase no dobro do tempo do costume. Consolo-me em pensar que dentro de dias terei o carro de volta e o corpo também já se terá habituado, mas até lá, ando com os olhos semicerrados durante o dia, e encontro dores em sítios do corpo que nem sabia que existiam.
Na segunda-feira, se tudo correr bem, já terei carro e, mesmo arrastando-me, não deixo de pensar que bom, bom, era ter o carro e conseguir continuar a fazer o mesmo percurso de manhã e à noite. Ou se calhar não. Não exageremos.

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