Na sequência do tornado que assolou a zona de Tomar criou-se uma onda de solidariedade para com as pessoas cujas casas foram destruídas. Uma das formas de ajuda consiste em fazer telefonemas de valor acrescentado, valor esse que será dividido (quero acreditar que sim) entre quem precisa de ajuda e a operadora telefónica. Desta forma quem for envolvido na onda de solidariedade não necessita de fazer depósitos nem usar caixas multibanco, nem nada, apenas o telefone. Simples e eficaz.
Porém, que eu desse conta, de forma espontânea e fazendo parte do próprio ‘anúncio’ nunca tinha sido revelada qual a fatia que fica na operadora – custos de comunicação, penso que é assim que dizem – e a parte que fica para quem organiza o peditório, seja ele para que fim for. Ora, no caso em questão, estamos perante um auxílio a pessoas para com quem a natureza foi agreste, mas na esmagadora maioria das situações este método é usado para concursos, o que quer dizer que o prémio em questão é pago e bem pago por todos quantos concorrem e não por quem apenas faz de intermediário e aparece aos olhos de quem concorre como o benemérito ofertor de carros, viagens e de tudo um pouco que se imagine.
A chamada custa 60 cêntimos, 12 são para custos de comunicação e os restantes 48 são para a causa em si. Não me choca nada dar cerca de 50 cêntimos para ajudar alguém, mas choca-me que existam linhas destas a propósito de tudo e mais um par de botas e que se tenha que pagar para concorrer a qualquer coisa, ou seja, pagar de avanço o prémio ou a participação.
Quantas pessoas votarão nos Ídolos? Quantas vezes estará já pago o carro que vão oferecer na final? Mas as pessoas telefonam para votarem, telefonam na perspectiva que mandam, que elegem, que determinam, que são fundamentais, e acredito que para as votações, o sejam mas, não obstante, pagam para mandarem, para elegerem, para determinarem, no fundo pagam para votar.
É claro que não sou ingénua sobre as máquinas que suportam estas andanças, deste ou de qualquer outro concurso, iniciativa, acção benemérita, what ever, mas quase 50 cêntimos não será um bocadinho exagerado…?
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