quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Aleluia

Utilizamos o termo Aleluia com um suspiro que subentende um milagre realizado. Damos graças, elogiamos. Agradecemos.
Hoje é dia de dizer Aleluia à Universidade do Minho! Numa decisão pioneira em Portugal, cheia de coragem, com rigor e vontade de reposição da ordem das coisas, a Universidade do Minho anulou um doutoramento por plágio. O mesmo é dizer, puniu o ladrão, no caso a ladra.
A escrita, vinda só de dentro, no caso dos romancistas, e aqui se englobam todos os que escrevem ficção, ou fruto de investigação científica e cruzamento de milhares de leituras, é uma coisa tão íntima que aplicar o verbo roubar ao plágio, é pouco: é uma violação.
Assim, parece terminar um reinado de trevas sobre os plágios académicos onde eram escondidos e abafados, temendo-se que o nome da Universidade fosse posto em causa, tentando não ferir a susceptibilidade do douto orientador, consagrado professor doutor que, quantas vezes apenas espreitando pelo canto do olho a prosa do orientando, dava-lhe abertura para continuar, assinando desta forma a sua co-irresponsabilidade, que nunca iria ser posta em causa, pois quem teria coragem para o fazer? A Universidade do Minho teve-a! Esperamos agora que o(s) orientador(es) sejam igualmente chamados à liça e que o exemplo seja dado de alto abaixo.
Esperamos também que os cuidados a ter futuramente sejam maiores, a partilha do trabalho entre orientando e orientador seja efectiva, a discussão seja real, que exista verificação de fontes, que a bibliografia seja verdadeira (e bem feita, já agora) e que os candidatos não se atenham a fazer misturas do género baralha e volta a dar.
Mesmo assim, ainda cabe perguntar, deste processo inédito ficará uma lição?

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