segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Sonhar e rezar, sempre

Antes de sair o vigilante da noite e entrar a colega da portaria que assegurará o serviço de dia vou tomar o segundo pequeno-almoço. Ainda não são oito da manhã, o pátio deixa ver cada pedra da calçada portuguesa que a luz do sol vai aquecer dentro de horas. A sombra e o silêncio misturam-se.
Quando regresso passa das oito e o pátio está cheio de figuras humanas semelhantes a corvos. Os que vestem roupa normal tendem a afastar-se dos doutores, receosos que as praxes comecem com a alvorada.
Sou abordada três vezes, sobre a localização do auditório um e dois e sobre o bar o que me demora uns minutos a chegar à Biblioteca. Aqui, uma das colegas da limpeza é nova no serviço, começou em Agosto, nunca viu a chegada dos caloiros, o pátio cheio de risos e de esperanças, como se o sol, que ainda mal nasceu, aqui vivesse.
O primeiro dia de aulas sempre teve uma mística que me faz flutuar.
Na primária sonhava acordada rezando para que chegasse depressa. No liceu sonhava acordada rezando para que chegasse depressa. Na faculdade sonhava acordada rezando para que chegasse depressa.
Hoje levantei-me às quatro e meia e comecei a trabalhar uma hora depois, não tive tempo nem de sonhar nem de rezar, mas revejo-me em cada novo aluno repetindo as mesmas sensações ano após ano, dando o que tenho e o que sei, sentindo que sou parte da máquina que existe para contribuir para o sucesso de cada um.
Se durante uma vida eu sonhei e rezei para que chegasse o primeiro dia de aulas, depois de começarem sonho e rezo para que seja um Bom Ano. 

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