Uma produtora francesa fez um documentário sobre o gigante capaz de produzir tudo, mas literalmente tudo, para o mundo inteiro e que dá pelo nome de China.
Passava eu a ferro a meio das férias quando, no descanso momentâneo do electrodoméstico, entre uma passa no cigarro e uma mudança de canal, apareceu esta pérola.
As equipas de filmagens acompanhavam dois ou três - não vi desde o princípio mas acho que foram deixando o melhor para o fim - representantes de empresas francesas em viagem de negócios pela China, visitando fábricas, falando com responsáveis, acertando compras em grande escala, sempre com um intérprete.
Logo aqui é curioso verificar que há tantos chineses a falar inglês, e francês, mas os europeus não falam chinês. Serão eles mais espertos que nós? O 'espertos' em vez de inteligentes ou capazes, foi propositado.
Com tanto metro quadrado que há para lá fico sempre com a ideia que, por mais séria que seja a intenção de quem planeia e concretiza estas imagens, será enganado sempre que os anfitriões queiram. Mostram imagens de fábricas que vão de complexos industriais como os conhecemos na Europa, até um andar num prédio de habitação. Com uma excepção breve, não se viam crianças a trabalhar e quase não se falou do assunto, ao contrário, por exemplo, dos tapetes no Norte de África onde a garotada é mostrada descaradamente e, magia, o ónus vem para cima de nós uma vez que, quando perguntamos porque são crianças a fazer aquele trabalho, nos dizem que nós gostamos mais do ponto apertado por mãos pequenas. Gostamos? Sempre a aprender.
Nesta visita a um país de alma comunista e espírito capitalista a equipa visitou uma cidade onde a comunidade se impõe: o responsável local do partido explicou bem a coisa. Bem... o que ele dizia não sei, o que era traduzido nas legendas em português era o que a intérprete traduzia do chinês. Seria uma boa intérprete? Lamentavelmente esqueciam-se de mostrar o certificado de habilitações da senhora com as respectivas notas.
Num supermercado da dita cidade chamava-se à atenção para as fardas das empregadas: uniformes do exército vermelho que, como é óbvio, não se haviam de deitar fora e foram aproveitados. As mesmas empregadas começavam o dia a cantar, alinhadas no que parecia ser um parque de estacionamento do supermercado. Ora, será que lá, como cá, se usa o provérbio de quem canta seus males espanta? A letra aludia à comunidade e em como é bom trabalhar para ela e deve ser mesmo bom pois uma boa maquia do ordenado vai directamente para os seus cofres.
Mostravam-se todos os cantos de uma casa, dada pela comunidade a uma trabalhadora, ligou-se até a televisão para que se visse o programa que estava no ar e realçou-se que todos podiam ver aquele programa. Magnífico, nem precisavam de comando de televisão, pois alguém solucionava essa questão, de uma só vez para toda a cidade. Cozinhas e lavagens de roupa comunitárias, casas para famílias inteiras - equivalentes a um quarto nas nossas medidas - e sempre com observações muito positivas dos utilizadores, de acordo com a tradução.
Um dos empresários procurava tinteiros reciclados e quando viu que todo o trabalho era feito manualmente sem luvas ou máscaras chamou a atenção do responsável para os perigos envolvidos naquelas tarefas. A resposta foi polida que nem uma prata em casa de membro da fidalguia, inconclusiva e eventuais alterações foram chutadas para o futuro. O empresário encolheu os ombros, a sua parte estava feita, o que podia fazer mais? Acusado de silêncio não podia ser.
Todo o documentário é objecto de reflexão, pleno de curiosidades e espantos como a própria China. Datang é a capital mundial das meias, uma cidade que se especializou nesta peça de vestuário e que tem um salão de apresentação com nove mil meias diferentes: de homens, mulheres, crianças e bebés, para animais de estimação, para todos os desportos e mais os que ainda não foram inventados, fabricados com mil tecidos e têxteis diferentes, de algodão, vidro, mousse, fibra, caxemira, seda e quejandos, pézinhos, curtas, até ao joelho, de meia perna, collants, para passeio, para trabalho, para russos - bem quentes - para europeus - anti-bacterianas, seja isto o que for - com dedos e sem dedos, para diferentes estações do ano, festivas, de Natal, aniversários, estampadas e lisas, ou coisas estranhas, pelo menos para mim, como por exemplo, peúgas do dedo do pé do laço de Terry, alguém que me explique o que é isto.
Abordou-se a mega empresa Alibaba, de quem a Yahoo tinha participações que voltaram recentemente à caverna por muitos milhões de dobrados em ouro, e mostraram-se imagens do maior centro comercial do mundo, uma coisinha com lojas na ordem da quase dezena de milhar, sendo cada uma delas a cara de uma fábrica e onde se tem uma pequena amostra do que as fábricas produzem e vendem.
Ali encontram-se pessoas de todo o mundo que compram tudo, até um guineense que foi à procura de artesanato típico da Guiné, estátuas em pau preto, em pau ferro, de todas as formas e dimensões, fruto do labor de pequenos artesãos, assim como também produtos de arte maconde, pura? Não, feitos por chineses. O entrevistador queria saber o que procurava o guineense em particular e ele dizia a verdade, tudo o que se pedir, eles fazem, barato e bom.
E contra isto, batatas? Não, só se for arroz chau-chau.
Passava eu a ferro a meio das férias quando, no descanso momentâneo do electrodoméstico, entre uma passa no cigarro e uma mudança de canal, apareceu esta pérola.
As equipas de filmagens acompanhavam dois ou três - não vi desde o princípio mas acho que foram deixando o melhor para o fim - representantes de empresas francesas em viagem de negócios pela China, visitando fábricas, falando com responsáveis, acertando compras em grande escala, sempre com um intérprete.
Logo aqui é curioso verificar que há tantos chineses a falar inglês, e francês, mas os europeus não falam chinês. Serão eles mais espertos que nós? O 'espertos' em vez de inteligentes ou capazes, foi propositado.
Com tanto metro quadrado que há para lá fico sempre com a ideia que, por mais séria que seja a intenção de quem planeia e concretiza estas imagens, será enganado sempre que os anfitriões queiram. Mostram imagens de fábricas que vão de complexos industriais como os conhecemos na Europa, até um andar num prédio de habitação. Com uma excepção breve, não se viam crianças a trabalhar e quase não se falou do assunto, ao contrário, por exemplo, dos tapetes no Norte de África onde a garotada é mostrada descaradamente e, magia, o ónus vem para cima de nós uma vez que, quando perguntamos porque são crianças a fazer aquele trabalho, nos dizem que nós gostamos mais do ponto apertado por mãos pequenas. Gostamos? Sempre a aprender.
Nesta visita a um país de alma comunista e espírito capitalista a equipa visitou uma cidade onde a comunidade se impõe: o responsável local do partido explicou bem a coisa. Bem... o que ele dizia não sei, o que era traduzido nas legendas em português era o que a intérprete traduzia do chinês. Seria uma boa intérprete? Lamentavelmente esqueciam-se de mostrar o certificado de habilitações da senhora com as respectivas notas.
Num supermercado da dita cidade chamava-se à atenção para as fardas das empregadas: uniformes do exército vermelho que, como é óbvio, não se haviam de deitar fora e foram aproveitados. As mesmas empregadas começavam o dia a cantar, alinhadas no que parecia ser um parque de estacionamento do supermercado. Ora, será que lá, como cá, se usa o provérbio de quem canta seus males espanta? A letra aludia à comunidade e em como é bom trabalhar para ela e deve ser mesmo bom pois uma boa maquia do ordenado vai directamente para os seus cofres.
Mostravam-se todos os cantos de uma casa, dada pela comunidade a uma trabalhadora, ligou-se até a televisão para que se visse o programa que estava no ar e realçou-se que todos podiam ver aquele programa. Magnífico, nem precisavam de comando de televisão, pois alguém solucionava essa questão, de uma só vez para toda a cidade. Cozinhas e lavagens de roupa comunitárias, casas para famílias inteiras - equivalentes a um quarto nas nossas medidas - e sempre com observações muito positivas dos utilizadores, de acordo com a tradução.
Um dos empresários procurava tinteiros reciclados e quando viu que todo o trabalho era feito manualmente sem luvas ou máscaras chamou a atenção do responsável para os perigos envolvidos naquelas tarefas. A resposta foi polida que nem uma prata em casa de membro da fidalguia, inconclusiva e eventuais alterações foram chutadas para o futuro. O empresário encolheu os ombros, a sua parte estava feita, o que podia fazer mais? Acusado de silêncio não podia ser.
Todo o documentário é objecto de reflexão, pleno de curiosidades e espantos como a própria China. Datang é a capital mundial das meias, uma cidade que se especializou nesta peça de vestuário e que tem um salão de apresentação com nove mil meias diferentes: de homens, mulheres, crianças e bebés, para animais de estimação, para todos os desportos e mais os que ainda não foram inventados, fabricados com mil tecidos e têxteis diferentes, de algodão, vidro, mousse, fibra, caxemira, seda e quejandos, pézinhos, curtas, até ao joelho, de meia perna, collants, para passeio, para trabalho, para russos - bem quentes - para europeus - anti-bacterianas, seja isto o que for - com dedos e sem dedos, para diferentes estações do ano, festivas, de Natal, aniversários, estampadas e lisas, ou coisas estranhas, pelo menos para mim, como por exemplo, peúgas do dedo do pé do laço de Terry, alguém que me explique o que é isto.
Abordou-se a mega empresa Alibaba, de quem a Yahoo tinha participações que voltaram recentemente à caverna por muitos milhões de dobrados em ouro, e mostraram-se imagens do maior centro comercial do mundo, uma coisinha com lojas na ordem da quase dezena de milhar, sendo cada uma delas a cara de uma fábrica e onde se tem uma pequena amostra do que as fábricas produzem e vendem.
Ali encontram-se pessoas de todo o mundo que compram tudo, até um guineense que foi à procura de artesanato típico da Guiné, estátuas em pau preto, em pau ferro, de todas as formas e dimensões, fruto do labor de pequenos artesãos, assim como também produtos de arte maconde, pura? Não, feitos por chineses. O entrevistador queria saber o que procurava o guineense em particular e ele dizia a verdade, tudo o que se pedir, eles fazem, barato e bom.
E contra isto, batatas? Não, só se for arroz chau-chau.
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