terça-feira, 11 de junho de 2013

O que são 10 anos?

Tenho andado arredada daqui. Faço-me à pista com frequência mas depois há sempre qualquer coisa que me afasta. E têm sido coisas boas.
Tenho lido e escrito em várias vertentes, que nem uma maluquinha : preparar importantes documentos de trabalho, preparar aulas no âmbito de um seminário específico que me pediram para dar, corrigir trabalhos académicos, ler muito para melhor preparar e fazer tudo o que tenho entre mãos.
São muitas horas seguidas, o trabalho persegue-me e acaba por entrar comigo em casa, acompanhando-me noite dentro.
Não paro de pensar ou, na opinião de alguns que trabalham comigo, não paro para pensar... no mal que isto me faz. Mal? Qual mal, qual quê? Sinto-me bem, raciocino à velocidade da luz, escrevo com desenvoltura em temas poucos férteis em diversidade de linguagem e a cada dia me sinto mais viva. Cansada também, confesso.
E foi pelo cansaço acumulado que aceitei fazer companhia num passeio que ia de Lisboa a Fátima, Batalha, Alcobaça, Nazaré e Óbidos, um passeio turístico com cinco filipinos. Filipinos pessoas, não bolos.
Estes habitantes de Manila em turismo por Portugal conquistaram-me. Não por viveram do outro lado do mundo, não por falarem uma língua da qual eu não percebo nada mas da qual adoro a sonoridade, não por serem muito sorridentes, não pela mescla de línguas que se proporcionavam, pois as crianças falavam inglês e espanhol, o motorista só falava português e o casal, pais das três crianças, expressava-se em inglês, com uns erres a menos, de vez em quando, não por me terem oferecido o almoço, não por pensarem que eu era a guia e me terem querido pagar.
A conquista foi-se dando à medida que íamos comendo quilómetros, que íamos falando e rindo, enquanto eu contava todas as lendas do nosso Portugal, a pedido da mãe, e com todos os olhos em bico muito abertos, ia acrescentando pormenores às histórias, que passaram pelo Pedro e Inês, pelo Condestável, mas também pela longínqua princesa alentejana Salúquia, quando me faltou conversa e ela insistia em mais e mais.
A gota de água da conquista deu-se, não em Aljubarrota, mas quando nos perguntaram a idade.
Devolvi a pergunta querendo saber quantos anos nos davam.
E assim, o motorista com uns escassos 40 anos foi avaliado em 45 ou 46 e a mim foram-me atribuídos uns generosos 38 aninhos. Ora, quem nos tira dez anos é merecedor da nossa entrega, principalmente se fizerem cara de quem não acredita quando teimamos em dizer que são 48 e repetem, 48? Are you sure?
Absoluta, amigos, absoluta. 

1 comentário:

  1. Ai que ela trabalha tanto!!...coitadinha, é escritos, muitos, seminários, vários, palestras, a torto e a direito, trabalhos académicos para o Prémio Nobel e as mais prestigiadas universidades mundiais, todos os fins-de-semana, ela é uma cabeça-tronco-e-membros sempre a trabalhar! Infatigável esta Mestra! Bom, como Lisboa esteve na posse dos Muçulmanos, vulgos Mouros, durante muitos anos ficou-lhes aquela característica tão peculiar e fica tão bem nos postais ilustrados de que são os trabalhadores incansáveis do nascer por-do-sol....ahhh..esqueci-me das olheiras, parece o Vítor Gaspar, coitadinha...
    Beijos, frescos que bem precisas.

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