quinta-feira, 20 de junho de 2013

Because we can

Ver a cara de alguém que é surpreendido com uma coisa boa é das melhores sensações do mundo.
Uma das pessoas cujo abraço me é essencial e a quem adoro fazer surpresas é ao meu sobrinho mais velho.
O dia que aterrámos em Roma e ele me apertou com uma força que eu desconhecia nele e me disse, Quica, eu gosto tanto, tanto, tanto de ti, ficou-me para sempre na memória como um daqueles momentos que vale uma vida.
O ano passado quando ele viu que íamos ficar num veleiro em vez de num quarto normal a dormir, deixou-o numa euforia que nenhuma droga consegue dar. Este ano sabe que estamos a planear ir aos Picos da Europa mas não sabe que vamos levar tendas de campismo. Mas eu sei que ele vai adorar.
O que eu também sei e ele também não sabe é que vai ter uma surpresa na próxima quarta-feira. 
Eu pago para alimentar este tem-te não caias das surpresas, tenho uma coisa para te dizer mas não posso, nem sabes o que te vai acontecer daqui a uns dias, se tu sonhasses daquilo que eu sei... 
Ele salta à minha volta a querer saber, abraça-me, quer comprar-me com tudo para que eu me descaia, mas nada feito. 
É bom dizer que este é o garoto de dez anos a quem um dia os pais ofereceram um passeio à Disney e, tendo jantado juntos na noite anterior, eu brinquei a dizer que ficava muito triste porque eles iam e eu ficava. Daqui resultou uma crise de choro da parte dele e a resolução de ficar comigo para que eu não ficasse sozinha. Lá lhe parámos o choro com dificuldade e a promessa que um dia iríamos juntos. 
A última prova de solidariedade total foi no ano passado no Gerês. Depois de uma caminhada de mais de vinte quilómetros e já com um dia inteiro de mergulhos, pedimos boleia de volta à Pousada. O carro que parou tinha três lugares vagos. Perfeito, à conta para a minha irmã e os dois miúdos. Ele recusou-se terminantemente a entrar no carro e disse que nunca me deixaria ali sozinha, acontecesse o que acontecesse. Franzi o sobrolho e mandei-o entrar no carro, disse-lhe que estou habituada a andar, que em nada nos encontraríamos, que fossem pedindo um gelado enorme, que esperassem por mim com uma garrafa de água fresca - que se tinha acabado e estávamos todos com sede. Nada resultou e ele ficou comigo tendo continuado a andar tropeçando nos próprios pés tal era o cansaço. Elas seguiram e eu acabei por pedir também boleia por incapacidade de o levar ao colo, mas contra a vontade dele. Ambos no banco de trás do carro, a sensação da cabeça dele encostada ao meu peito, numa entrega absoluta, foi única, como se consolidasse a ligação inexplicável que nos une. 
Agora ele vibra sempre que vê o anúncio dos Bon Jovi. Como no Natal tinha comprado um bilhete ao Duarte, que já fora no ano passado, e este ano vai de férias precisamente nesse dia, não vendi o nosso bilhete, mas antes comprámos outro.  Eu vou estar na primeira fila não tanto para ver a banda mas antes para ver o delírio do meu sobrinho que é oxigénio puro. 

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