O meu cunhado voltou a dormir cá em casa e eu voltei a levá-lo ao aeroporto às cinco e meia da manhã.
Brasil, Argentina e Equador são os destinos desta voltinha que nos deixa aqui sempre cheios de inveja, até porque ele não vai para destinos turísticos, antes pelo contrário, visita os países reais, conhece as pessoas a sério, come comida verdadeira feita por naturais que a confeccionam como sempre e sem mariquices para turistas.
A dita inveja concentra-se em mim mais que em qualquer outra pessoa próxima. Ele vai de viagem eu fico a sonhar. Bem me deito e adormeço a condicionar os sonhos sobre ganhar a lotaria para que pelo menos noutra dimensão possa viajar por esse mundo só conhecido pelas pessoas que lá moram e virgem de turistas. Mesmo que eu vá, continuará virgem de turistas, que não sou, os deuses me livrem e guardem!
São as acções que determinam o que somos e eu sou viajante. Engalinho com pessoas que reclamam da comida diferente, dos colchões que são assim e assado, dos transportes, da limpeza, até do ar que respiram. Por que é que não ficam em casa? Assim já sabem com o que contam e não aborrecem os outros.
Numa ocasião, em Istambul - que abraço diariamente por motivos óbvios - num grupo de portugueses destacava-se uma senhora que reclamava contra o facto de as pessoas se descalçarem em certos locais, porque cheirava mal, porque era uma falta de higiene, porque isto e aquilo.
A senhora tinha o modo egocêntrico ligado ao máximo e argumentava que os locais turísticos deviam ter em atenção os costumes das pessoas que os visitavam e deviam providenciar, pelo menos, comida típica dos países de origem dos turistas.
A senhora não sabe ainda hoje que o meu ex-marido a salvou de alguém que estava determinada a tirar-lhe o pó da roupa: eu. Farta de a ouvir, e usando a gíria actual, passei-me. Um grito bem dado ao ouvido de alguém que não está à espera e aguarda ter seguidores nas suas loucas pretensões pode assustar. Ela assustou-se. O meu ex-marido também. Puxou-me um braço e pediu-me por tudo para ficar sossegada. Ela calou-se, eu fiquei quieta mas só me calei depois de ter verbalizado a vergonha que tinha por ela associar a minha origem a comportamentos tão estúpidos. Uma sapatada naquela cabeça e não se perdia nada.
Se há pessoa que se integra completa e imediatamente é o meu cunhado, motivo pelo qual tenho muito orgulho nele: escolhe sempre as estradas secundárias, prefere comer em casa do que no restaurante, apanha qualquer transporte público, dá-se à conversa com toda a gente.
Nos últimos nove meses pôde fazer tudo isto em Portugal, Espanha, França, Itália, Holanda, Tailândia, Filipinas, Índia, China, Estados Unidos da América, Brasil, México e Colômbia, com sequentes repetições e novos destinos, como agora é o Equador e a Argentina.
Pelo modo de ser e de se comportar, pelas línguas que fala, pelo desempenho com as pessoas em geral, o meu cunhado é o verdadeiro cidadão do mundo.
Brasil, Argentina e Equador são os destinos desta voltinha que nos deixa aqui sempre cheios de inveja, até porque ele não vai para destinos turísticos, antes pelo contrário, visita os países reais, conhece as pessoas a sério, come comida verdadeira feita por naturais que a confeccionam como sempre e sem mariquices para turistas.
A dita inveja concentra-se em mim mais que em qualquer outra pessoa próxima. Ele vai de viagem eu fico a sonhar. Bem me deito e adormeço a condicionar os sonhos sobre ganhar a lotaria para que pelo menos noutra dimensão possa viajar por esse mundo só conhecido pelas pessoas que lá moram e virgem de turistas. Mesmo que eu vá, continuará virgem de turistas, que não sou, os deuses me livrem e guardem!
São as acções que determinam o que somos e eu sou viajante. Engalinho com pessoas que reclamam da comida diferente, dos colchões que são assim e assado, dos transportes, da limpeza, até do ar que respiram. Por que é que não ficam em casa? Assim já sabem com o que contam e não aborrecem os outros.
Numa ocasião, em Istambul - que abraço diariamente por motivos óbvios - num grupo de portugueses destacava-se uma senhora que reclamava contra o facto de as pessoas se descalçarem em certos locais, porque cheirava mal, porque era uma falta de higiene, porque isto e aquilo.
A senhora tinha o modo egocêntrico ligado ao máximo e argumentava que os locais turísticos deviam ter em atenção os costumes das pessoas que os visitavam e deviam providenciar, pelo menos, comida típica dos países de origem dos turistas.
A senhora não sabe ainda hoje que o meu ex-marido a salvou de alguém que estava determinada a tirar-lhe o pó da roupa: eu. Farta de a ouvir, e usando a gíria actual, passei-me. Um grito bem dado ao ouvido de alguém que não está à espera e aguarda ter seguidores nas suas loucas pretensões pode assustar. Ela assustou-se. O meu ex-marido também. Puxou-me um braço e pediu-me por tudo para ficar sossegada. Ela calou-se, eu fiquei quieta mas só me calei depois de ter verbalizado a vergonha que tinha por ela associar a minha origem a comportamentos tão estúpidos. Uma sapatada naquela cabeça e não se perdia nada.
Se há pessoa que se integra completa e imediatamente é o meu cunhado, motivo pelo qual tenho muito orgulho nele: escolhe sempre as estradas secundárias, prefere comer em casa do que no restaurante, apanha qualquer transporte público, dá-se à conversa com toda a gente.
Nos últimos nove meses pôde fazer tudo isto em Portugal, Espanha, França, Itália, Holanda, Tailândia, Filipinas, Índia, China, Estados Unidos da América, Brasil, México e Colômbia, com sequentes repetições e novos destinos, como agora é o Equador e a Argentina.
Pelo modo de ser e de se comportar, pelas línguas que fala, pelo desempenho com as pessoas em geral, o meu cunhado é o verdadeiro cidadão do mundo.
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