Amanhã vou para Madrid fazer Erasmus. Erasmus Staff, não como aluna mas como profissional, o que não deixa de ser Erasmus. Sempre quis experimentar estudar no estrangeiro, mas nunca o fiz. A minha irmã teve essa oportunidade ainda no liceu e não a queria aceitar. Lembro-me da minha insistência. Mais tarde foi para Rennes em Erasmus e fala desse período como um dos melhores da vida dela.
Trabalhando numa universidade lido com todo o tipo de alunos, acabando por me transpôr para cada um deles, como os pais fazem com os filhos, lidando com alunos Erasmus e sentindo uma inveja diária que, apesar de viajar, pensei que fosse morrer comigo. Mas afinal não vai ser assim.
Hoje passei parte do dia com a minha grande amiga e fiz a habitual caminhada, mais curta, mas toda dentro de água. Combinámos ir ao cinema à noite, numa espécie de despedida da semana, uma vez que estamos juntas todos os dias. Porém, não fomos, por circunstâncias várias cada uma ficou na sua casa.
Nada é por acaso. Fiquei com o meu filho e quando ele saiu, no meio de muitos canais de televisão, um sotaque estranho chamou-me à atenção. Deixei-me ficar a ouvir sem ler as legendas e percebi meia dúzia de palavras, soltas, sem sentido, mas quentes. Era em grego. Nunca dei conta que o grego e o português dessem assim a mão, mas também nunca o tinha ouvido com atenção. O filme chamava-se Um Toque de Canela e foi o mais belo que vi nos últimos tempos, talvez anos. Lembra o Cinema Paraíso, até o protagonista é parecido com o Salvatore em criança e em adulto.
A ternura baila docemente no ecrãn, salta dele e cai-nos no colo. Apetece-nos rir e chorar, passar a palma da mão pelo rosto daquelas pessoas cujos sentimentos são tão nossos, são tão a meias. A música é suave como chuva miudinha, mas faz falta na exacta medida em que se mostra; o passado a atrapalhar o curso do presente e do futuro, e a calma... há uma calma feita seta que trespassa toda a acção conferindo uma serenidade luxuosa a cada imagem. Numa cena vemos vários estendais com lençóis brancos esticados, que formam um gigantesco estendal, coroado por um padre que toca um sino ritmadamente. O domínio do branco que ondulava ao de leve fez-me pensar que na Terra também existe Céu.
Trabalhando numa universidade lido com todo o tipo de alunos, acabando por me transpôr para cada um deles, como os pais fazem com os filhos, lidando com alunos Erasmus e sentindo uma inveja diária que, apesar de viajar, pensei que fosse morrer comigo. Mas afinal não vai ser assim.
Hoje passei parte do dia com a minha grande amiga e fiz a habitual caminhada, mais curta, mas toda dentro de água. Combinámos ir ao cinema à noite, numa espécie de despedida da semana, uma vez que estamos juntas todos os dias. Porém, não fomos, por circunstâncias várias cada uma ficou na sua casa.
Nada é por acaso. Fiquei com o meu filho e quando ele saiu, no meio de muitos canais de televisão, um sotaque estranho chamou-me à atenção. Deixei-me ficar a ouvir sem ler as legendas e percebi meia dúzia de palavras, soltas, sem sentido, mas quentes. Era em grego. Nunca dei conta que o grego e o português dessem assim a mão, mas também nunca o tinha ouvido com atenção. O filme chamava-se Um Toque de Canela e foi o mais belo que vi nos últimos tempos, talvez anos. Lembra o Cinema Paraíso, até o protagonista é parecido com o Salvatore em criança e em adulto.
A ternura baila docemente no ecrãn, salta dele e cai-nos no colo. Apetece-nos rir e chorar, passar a palma da mão pelo rosto daquelas pessoas cujos sentimentos são tão nossos, são tão a meias. A música é suave como chuva miudinha, mas faz falta na exacta medida em que se mostra; o passado a atrapalhar o curso do presente e do futuro, e a calma... há uma calma feita seta que trespassa toda a acção conferindo uma serenidade luxuosa a cada imagem. Numa cena vemos vários estendais com lençóis brancos esticados, que formam um gigantesco estendal, coroado por um padre que toca um sino ritmadamente. O domínio do branco que ondulava ao de leve fez-me pensar que na Terra também existe Céu.
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