Os pesadelos são fenómenos cuja horroribilidade não se consegue descrever. Naquele momento o medo é tão forte que apetece morrer. Na manhã seguinte contamo-los e ficamos com ar de parvos perante uma descrição de coisas nada apavorantes. Como se processará o medo? Como é que ele pesa tanto quando estamos a dormir pois, se a situação fosse real, seria tão simples, ainda que esquisita, que dava sono.
Estou deitada de barriga para cima na cama do meu filho e na cabeceira há uma torneira. Em cima de mim há pratos, talheres e diversa loiça suja que tento lavar sem me levantar, ou seja, apanho os enormes pratos verdes onde comemos todos os dias, fazendo leves movimentos de pernas para que não escorreguem quando levanto os braços na direcção da torneira. Desta forma anormal vou lavando a loiça. Tenho um zumbido nos ouvidos (tenho mesmo!) que se torna cada vez maior e, enquanto passo os pratos por água, o zumbido transforma-se em palavras e faço a horrível descoberta de perceber que tenho um homem a falar dentro da cabeça. Sei que são palavras, mas apenas percebo a repetição do meu nome. Escondo-me nos lençóis, não querendo saber da loiça, mas ele está dentro da cabeça e continua a falar. Peço que a noite passe depressa e, num arremesso de coragem, espreito por entre os lençóis temendo ver uma coisa horrível, mas que não sei dizer o que seria. Quando espreito vejo o meu quarto, estou acordada na minha cama, rodeada de florinhas cor-de-rosa, que enfeitam o lençol. Levanto-me sem medo e vou beber água. Não tenho dificuldades em adormecer e hoje de manhã lembro-me perfeitamente do medo como se fosse um objecto que tivesse visto.
Como não sou medrosa aflige-me sentir este pavor quando durmo e gostava de perceber que canais são percorridos e por o quê, para nos fazerem sentir estes limites.
Estou deitada de barriga para cima na cama do meu filho e na cabeceira há uma torneira. Em cima de mim há pratos, talheres e diversa loiça suja que tento lavar sem me levantar, ou seja, apanho os enormes pratos verdes onde comemos todos os dias, fazendo leves movimentos de pernas para que não escorreguem quando levanto os braços na direcção da torneira. Desta forma anormal vou lavando a loiça. Tenho um zumbido nos ouvidos (tenho mesmo!) que se torna cada vez maior e, enquanto passo os pratos por água, o zumbido transforma-se em palavras e faço a horrível descoberta de perceber que tenho um homem a falar dentro da cabeça. Sei que são palavras, mas apenas percebo a repetição do meu nome. Escondo-me nos lençóis, não querendo saber da loiça, mas ele está dentro da cabeça e continua a falar. Peço que a noite passe depressa e, num arremesso de coragem, espreito por entre os lençóis temendo ver uma coisa horrível, mas que não sei dizer o que seria. Quando espreito vejo o meu quarto, estou acordada na minha cama, rodeada de florinhas cor-de-rosa, que enfeitam o lençol. Levanto-me sem medo e vou beber água. Não tenho dificuldades em adormecer e hoje de manhã lembro-me perfeitamente do medo como se fosse um objecto que tivesse visto.
Como não sou medrosa aflige-me sentir este pavor quando durmo e gostava de perceber que canais são percorridos e por o quê, para nos fazerem sentir estes limites.
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