A Plaza Mayor de Madrid não é a mais bonita de Espanha. Mas é imponente com a estátua equestre de Filipe III que lhe confere o enquadramento nos modelos de praça real da Europa, disseminados desde França, quando se pretendia incutir a soberania da figura real, mesmo em noites de chuva e lama, sem público.
Sentada a uma mesa perscruto os telhados da praça enquanto o lusco-fusco boceja. Antes de a noite tomar o seu lugar, já os candeeiros estão acesos, pedem-se tapas e cañas e dou com os olhos na improbabilidade: um estendal olha-nos de um dos telhados da praça, ondulante, branco, sereno, alheio à comida, aos turistas, à estátua, ao próprio tempo. São oito ou nove peças de roupa, algo distantes, como se a História se tivesse esquecido delas ali.
Pela enésima vez lamento não ter máquina fotográfica, mas desta vez lamento mais, lamento não conseguir correr atrás do lusco-fusco e trazê-lo de volta para segurar o estendal branco à luz rosada e alaranjada dum momento que não mais se repetirá.
Esqueço-me que tenho uma bolsa que me paga a alimentação e peço o mais barato da lista: frango; acompanhamento: batatas fritas, na modalidade de palha e na quantidade de onze. Comento com a minha irmã que sugere que a lógica seja a das senhas do carrossel, onde compramos dez viagens e nos dão uma senha grátis.
Os onze elegantes palitos fazem companhia ao cume, e só ao cume, dum peito de frango. Para quem se levantou às sete, trabalhou quase até às três e caminhou todo o resto da tarde, aquilo não é nada.
Ora bem, o que é que me apetece? Hum… Queijo! Peço um pratinho que me custa 17 euros e do qual só consigo meter metade. Instintivamente penso que já tenho pequeno-almoço para o dia seguinte: guardo a metade do queijo e o pão num guardanapo, com quatro americanos candidatos ao Biggest Loser a olhar-me. Apetece-me dizer-lhes:
- Já só há este… e é para mim…
Sentada a uma mesa perscruto os telhados da praça enquanto o lusco-fusco boceja. Antes de a noite tomar o seu lugar, já os candeeiros estão acesos, pedem-se tapas e cañas e dou com os olhos na improbabilidade: um estendal olha-nos de um dos telhados da praça, ondulante, branco, sereno, alheio à comida, aos turistas, à estátua, ao próprio tempo. São oito ou nove peças de roupa, algo distantes, como se a História se tivesse esquecido delas ali.
Pela enésima vez lamento não ter máquina fotográfica, mas desta vez lamento mais, lamento não conseguir correr atrás do lusco-fusco e trazê-lo de volta para segurar o estendal branco à luz rosada e alaranjada dum momento que não mais se repetirá.
Esqueço-me que tenho uma bolsa que me paga a alimentação e peço o mais barato da lista: frango; acompanhamento: batatas fritas, na modalidade de palha e na quantidade de onze. Comento com a minha irmã que sugere que a lógica seja a das senhas do carrossel, onde compramos dez viagens e nos dão uma senha grátis.
Os onze elegantes palitos fazem companhia ao cume, e só ao cume, dum peito de frango. Para quem se levantou às sete, trabalhou quase até às três e caminhou todo o resto da tarde, aquilo não é nada.
Ora bem, o que é que me apetece? Hum… Queijo! Peço um pratinho que me custa 17 euros e do qual só consigo meter metade. Instintivamente penso que já tenho pequeno-almoço para o dia seguinte: guardo a metade do queijo e o pão num guardanapo, com quatro americanos candidatos ao Biggest Loser a olhar-me. Apetece-me dizer-lhes:
- Já só há este… e é para mim…
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