terça-feira, 17 de julho de 2012

P de Pessoa e de Professor


Já não tenho a responsabilidade de fazer verificação de plágios em teses e dissertações, contudo, continuam a pedir-me para passar o meu olho clínico por inúmeros trabalhos. Perguntam-me como sei que aquela frase, aquela especificamente, é copiada.
A bem da verdade, não sei. É uma espécie de instinto de polícia que me faz seguir as pistas certas. Quase sempre, mas nem sempre.
Uma das coisas que me surpreende é o facto de os orientadores não se aperceberem de nada e deixarem passar as coisas mais caricatas. Não é suposto conhecerem os alunos e terem falado com eles? Se um cavalheiro não consegue articular três palavras seguidas é estranho que construa textos dignos do Nobel.
Na semana passada um professor pediu-me que fizesse a dita verificação de originalidade, mas só para saber de onde tinha sido feito o plágio, que tinha detectado logo à primeira leitura, argumentando que se o aluno não percebia nada daquela matéria, era suspeito ter um trabalho tão brilhante.
Pergunto: a atitude deste professor é assim tão única? Conhecer o aluno e saber se as suas capacidades o levaram até ali ou não? Parece óbvio? Mas não é…
A atitude deste professor destaca-se e isola-o, não porque saiba ver o que alunos escrevem, mas pela simples razão de conhecer os alunos. E de facto conhece-os, um a um, porque se dá ao trabalho de conversar com eles, de os ouvir, de os aconselhar, de lhes sugerir leituras, umas mais gerais, para todos, outras bem certeiras, de acordo com interesses específicos.
Por outro lado, conhece os autores que sugere, já os leu e releu, está atento a tudo quanto se produz no mundo dentro da sua área de estudo, lê em várias línguas e escreve também, produz conhecimento.
Esta plataforma múltipla, enquanto pessoa, faz dele um Professor, com maiúscula, não à moda antiga, como se costuma dizer, mas intemporal, como os Professores deviam ser.

3 comentários:

  1. «Conhecer o aluno e saber se as suas capaciaddes o levaram»
    O canto da gralha a interromper o texto :)

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  2. Pois... as capaciaddes não levam a lugar algum... Obrigada! :)

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  3. Estamos cá uns para os outros, não?

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