Já não tenho a
responsabilidade de fazer verificação de plágios em teses e dissertações,
contudo, continuam a pedir-me para passar o meu olho clínico por inúmeros
trabalhos. Perguntam-me como sei que aquela frase, aquela especificamente, é
copiada.
A bem da verdade, não sei. É uma
espécie de instinto de polícia que me faz seguir as pistas certas. Quase sempre,
mas nem sempre.
Uma das coisas que me
surpreende é o facto de os orientadores não se aperceberem de nada e deixarem
passar as coisas mais caricatas. Não é suposto conhecerem os alunos e terem
falado com eles? Se um cavalheiro não consegue articular três palavras seguidas
é estranho que construa textos dignos do Nobel.
Na semana passada um professor
pediu-me que fizesse a dita verificação de originalidade, mas só para saber de onde
tinha sido feito o plágio, que tinha detectado logo à primeira leitura,
argumentando que se o aluno não percebia nada daquela matéria, era suspeito ter
um trabalho tão brilhante.
Pergunto: a atitude deste
professor é assim tão única? Conhecer o aluno e saber se as suas capacidades o
levaram até ali ou não? Parece óbvio? Mas não é…
A atitude deste professor
destaca-se e isola-o, não porque saiba ver
o que alunos escrevem, mas pela simples razão de conhecer os alunos. E de facto conhece-os, um a um, porque se dá ao
trabalho de conversar com eles, de os ouvir, de os aconselhar, de lhes sugerir
leituras, umas mais gerais, para todos, outras bem certeiras, de acordo com
interesses específicos.
Por outro lado, conhece os
autores que sugere, já os leu e releu, está atento a tudo quanto se produz no
mundo dentro da sua área de estudo, lê em várias línguas e escreve também,
produz conhecimento.
Esta plataforma múltipla,
enquanto pessoa, faz dele um Professor, com maiúscula, não à moda antiga, como
se costuma dizer, mas intemporal, como os Professores deviam ser.
«Conhecer o aluno e saber se as suas capaciaddes o levaram»
ResponderEliminarO canto da gralha a interromper o texto :)
Pois... as capaciaddes não levam a lugar algum... Obrigada! :)
ResponderEliminarEstamos cá uns para os outros, não?
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