quarta-feira, 18 de julho de 2012

'O dinheiro não tem a mínima importância, desde que se tenha muito'


As dores nas costas levaram-me a optar por andar sempre de mochila, preterindo as malas, ditas de senhora. 
Visualmente fico com um ar fora do comum, meio estrangeirado como já me disseram pois, mesmo de vestido ou com uns saltinhos de sapato, ligeiros, que nunca fui dada a agulhas, carrego a mochila às costas. A imagem é deselegante, mas preocupo-me tanto que continuo a andar com a mochila.
A dita tem uma bolsa onde ponho os cigarros, o passe, a carteira do dinheiro, as chaves do carro e de casa.
Ontem fui jantar com uma amiga que não via há alguns meses e quando chegámos ao restaurante verifiquei que a bolsa da mochila estava aberta e a carteira tinha desaparecido. Despejei tudo ali mesmo num desespero de cerca de 60 euros, mas nada. 
É claro que foi ela a pagar o jantar – um bitoque para ela e uma salada mista com um queijo fresco para mim! – e embora tivesse gostado de estar com ela e a conversa se tenha prolongado até perto da meia noite, nunca deixei de pensar no meu espólio perdido que devia sustentar-me até ao fim do mês.
Ela ia falando e contando as desventuras dos últimos meses, dignas de um filme dramático, e eu ia-me perguntando interiormente, comparado com isto, o que são 60 euros? 
Com este convencimento, pouco seguro diga-se de passagem e honestamente, lá fui para casa, onde marquei o despertador para bem cedo, pois tenho uma reunião importante dentro de minutos. 
Hoje de manhã cheguei concentrada e a relembrar leituras que me podem apoiar no encontro, que se quer de qualidade.
Entrei no escritório e desconcentrei-me maravilhosa e imediatamente ao ver a carteira em cima da mesa, no meio de uns papéis: com o rádio ligado dancei em volta da secretária uma dança que valeu sessenta e um euros e vinte cêntimos! Ufa…

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