As dores nas costas levaram-me
a optar por andar sempre de mochila, preterindo as malas, ditas de senhora.
Visualmente
fico com um ar fora do comum, meio estrangeirado como já me disseram pois,
mesmo de vestido ou com uns saltinhos de sapato, ligeiros, que nunca fui dada a
agulhas, carrego a mochila às costas. A imagem é deselegante, mas preocupo-me
tanto que continuo a andar com a mochila.
A dita tem uma bolsa onde ponho
os cigarros, o passe, a carteira do dinheiro, as chaves do carro e de casa.
Ontem fui jantar com uma amiga
que não via há alguns meses e quando chegámos ao restaurante verifiquei que a
bolsa da mochila estava aberta e a carteira tinha desaparecido. Despejei tudo
ali mesmo num desespero de cerca de 60 euros, mas nada.
É claro que foi ela a
pagar o jantar – um bitoque para ela e uma salada mista com um queijo fresco
para mim! – e embora tivesse gostado de estar com ela e a conversa se tenha
prolongado até perto da meia noite, nunca deixei de pensar no meu espólio
perdido que devia sustentar-me até ao fim do mês.
Ela ia falando e contando as
desventuras dos últimos meses, dignas de um filme dramático, e eu ia-me perguntando
interiormente, comparado com isto, o que são 60 euros?
Com este convencimento,
pouco seguro diga-se de passagem e honestamente, lá fui para casa, onde marquei o despertador para bem cedo, pois
tenho uma reunião importante dentro de minutos.
Hoje de manhã cheguei
concentrada e a relembrar leituras que me podem apoiar no encontro, que se quer
de qualidade.
Entrei no escritório e
desconcentrei-me maravilhosa e imediatamente ao ver a carteira em cima da mesa,
no meio de uns papéis: com o rádio ligado dancei em volta da secretária uma
dança que valeu sessenta e um euros e vinte cêntimos! Ufa…
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