As pessoas que trabalham em
cafés usam e abusam do verbo Desejar, o que me irrita solenemente.
Eu não desejo um copo de água!
Quando muito, quero um copo de água, primeiro porque não estou propriamente no
deserto e não estou a morrer à sede, segundo porque o copo de água não é um
gajo todo jeitoso e muito menos um Kilimanjaro, esses sim, objecto de desejo.
Eu não desejo que me ponham a
metade do pão com queijo dentro de um saquinho! Eu quero e chega!
O desejar e o querer são
coisas diferentes, cujo imaginário pode ser consubstanciado em comparação com a
roupa que vestimos no dia-a-dia: ando sempre vestida mas com simples saias ou
calções e não com vestidos de balão ao estilo de Maria Antonieta ou fatos de
couro pretos e justos, depende dos gostos, daquilo que se deseja.
A vulgarização do desejo em
contexto de balcão é esquisita e soa estranha.
Deseja-se as férias, quer-se
um café cheio ou uma italiana. Deseja-se
uma pessoa, quer-se um pão com queijo e manteiga. Deseja-se um olhar, quer-se
um sumo de laranja. Quando muito, deseja-se as melhoras de alguém, mas não um
galão.
Por favor, parem de me perguntar se desejo seja o que for dentro de um café porque não desejo nadinha... a menos que mudem de empregado, e aí já podemos rever os verbos.
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