terça-feira, 6 de julho de 2010

A revista Happy. Uma tristeza!

Comprei e li este fim de semana a revista Happy. Já a tinha folheado em consultórios e noutros locais de passagem, mas comprar e ler, de fio a pavio, foi a primeira vez.
Não vou repetir. É uma revista para mulheres, no pior dos sentidos. Para mulheres idiotas e, cúmulo, que gostam de ser idiotas, que fazem gala na sua idiotia, que a passeiam, que a mostram com um sorriso, com orgulho.
A Wikipédia vale o que vale mas, neste caso, vale mesmo a pena ler o que diz sobre a  revista :
“Happy Woman é uma revista portuguesa.
Surgiu em Março de 2006 através da editora Baleska Press.
Apresentando conceitos inovadores, a publicação ocupa primeiro lugar das revistas mensais femininas mais vendidas em Portugal.
Apresenta internamente sete eixos: Privado, Auto-Estima, A Dois, Alimentação, Júnior, Saúde e Check-Out. A revista descreve mensalmente o percurso da mulher moderna, cosmopolita, aspiracional, que sabe o que quer e que, certamente, quer mais da vida. Apresenta uma incidência bastante forte em temas sexuais, sendo estes o principal chamariz para a compra por impulso em banca. Fala bastante sobre moda, e publicita marcas de roupa, acessórios, perfumes, etc, mostrando o artigo e o devido preço. Incluiu também um voucher de 20% de desconto nos locais assinalados na revista.
Foi a revista que mais vendas mensais conseguiu nos ultimos 20 anos. Em Agosto de 2009, superou os 133.000 exemplares vendidos (resultados com o sumatório de vendas em banca, assinaturas e vendas em bloco). Em Dezembro de 2009 a Happy Woman vendia cerca de 97.000 exemplares e continua a cair nas vendas no inicio de 2010.
Apesar dos "15 minutos de fama", honra seja dada pois foi no segmento feminino a unica revista mensal a superar os 100.000 exemplares vendidos e introduzir o sistema de vouchers de desconto (hoje utilizado pela maioria das revistas do mesmo segmento) que originou uma legião de fãs deste sistema que na euforia do desconto compravam por vezes 10 revistas de uma só vez.”
Do texto anterior apenas acrescentei alguns espaços entre palavras, para permitir a leitura, de resto... sic. Assentos e herros são originais.
Porém, aquilo que considero a pérola do texto é o facto da revista ter sido a que mais vendas mensais conseguiu nos últimos 20 anos, quando tem apenas 4... Porque não desde o tempo do Império Romano? Sem querer ser muito má, talvez porque não saibam o que é o Império Romano (o presente do verbo ser é propositado).
Em busca da página da internet da revista encontrei vários blogs cuja leitura me teria poupado o dinheiro que paguei pelo exemplar da revista, uma vez que são todos unânimes. Aparentemente as compras são feitas por causa dos vales de desconto, aos quais se insiste em chamar voucher, que é muito mais fino. O uso de inglesismos é frequente – veja o título - talvez por isso o corrector ortográfico se baralhe e permita os erros que deambulam por ali.
Os artigos são assinados maioritariamente por uma jornalista: é a visão única da mesma pessoa sobre vários assuntos, todos sexualizados e tão depressa tratam as leitoras por tu como por você. As fotografias também não escapam e resumem-se a mulheres esqueléticas e anoréxicas.
As frases de abertura dos artigos pretendem ser lindas, marcantes, um prelúdio para a leitura subsequente que nos envolverá, mas algumas não têm sequer oditnes.
Vejamos a entrada da página 66, um mimo: “Não foi fácil. Mas no dicionário Happy nunca encontrei a palavra ‘desistir’. Depois de muita pesquisa, muitos e-mails e muitos telefonemas internacionais para cidades com fusos horários estranhos...”
Os dois primeiros períodos do texto anterior fazem um casamento daqueles que se conseguiria entre uma abóbora e um rato de computador. Mas a minha preferência vai para os ‘fusos horários estranhos’! Bem, haviam de ver os da Lua!
Na página 79 o primeiro parágrafo tem cinco interrogações no final de cinco frases. Acontece porém que nenhuma delas é uma interrogação, são todas afirmações. Mas esta explicação é fácil de se perceber: havia por ali uma gaveta cheia de pontuação e tiravam uma mão cheia de pontos de interrogação. Or should I say interrogation mark?
Adora misturar inglesismos e a lista é longa. Mostra resorts, spa’s, tem uma secção de summer kids, tem voucher’s, ensina a fazer kobe beef, tem receitas light, conta histórias onde se põe after sun nas costas e outras hot sobre erotic vacations, afirma que nude is trendy e mostra vários looks e sapatos urban high.
A Happy é tão cool!

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