terça-feira, 20 de julho de 2010

Cama de rede

A minha amiga L., em viagem de trabalho pelo Brasil, um certo dia antes dum jantar de cerimónia usou o serviço de cabeleireiro do hotel. Tinha andado o dia todo nas compras e de entre várias coisas, estava muito satisfeita com uma cama de rede que comprara, meia rendada, uma peça lindíssima. No cabeleireiro foi atendida por uma jovem cabeleireira simpaticíssima que lhe perguntou o que queria fazer, ela e uma colega que a acompanhava. Lá explicaram o que pretendiam, lavaram as cabeças e estava a L. relaxada na cadeira a levar com os primeiros vapores quentes do secador para tirar o excesso da água quando a cabeleireira lhe pergunta:
- Já fizeram amor aqui no Brasil?
Ora, a L. e a colega tinham estado a noite inteira a rir com a televisão bem alta para evitarem ouvir as manifestações de prazer do casal do quarto ao lado e ainda não estavam refeitas da noite de gargalhada, logo, quando ouviram a pergunta, desataram a rir até mais não poderem e responderam à cabeleireira que não. A jovem disse-lhes então que tinham que experimentar fazê-lo numa cama de rede. É claro que se lembraram logo da compra dessa tarde e tiveram novo ataque de riso, de tal forma grande que a cabeleireira pensou não poder continuar a trabalhar com clientes que não paravam quietas e se balançavam rindo à gargalhada.
Lá deram continuidade à conversa e ficaram a saber que a cabeleireira adorava camas de rede mas que, das suas experiências, só não gostava de as usar com americanos, que lhe causavam grandes frustrações porque eram muito grandes e não sabiam manter-se em cima da rede, caindo com frequência, o que, para a acção específica em si, até podia ser perigoso, sendo obviamente doloroso!
A L. e a colega não conseguiam parar de rir e ficaram assombradas quando a cabeleireira lhes contou com pormenores escaldantes como fazer amor numa cama de rede. Entretanto ia pondo ganchos que seguravam os longos cabelos da L. para secar as partes mais perto do pescoço e ia subindo com o secador à medida que o trabalho caminhava para o fim, puxando o cabelo com a escova, pondo mais um rolo, substituindo esta escova por aquela, mais apropriada a esta parte do cabelo, tufando um pouco em cima, alisando e enrolando nas pontas, tudo enquanto dava uma aula sapiente e descritiva, não só como fazer amor numa cama de rede, mas e principalmente, como se equilibrar na dita durante o acto!
Por fim, quando a profissional do cabelo se afastou em busca da laca final, a L. perdida de riso, voltou-se para a colega e pediu-lhe que lhe visse bem o cabelo e o que estava a cabeleireira a fazer, pois com toda aquela conversa temia que no fim, ao olhar-se ao espelho, tivesse uma qualquer arquitectura ousada e explícita no alto da cabeça!
A outra chorava e as lágrimas que lhe corriam pela cara não a deixavam ver nada, nem sequer abrir a boca.
E foi com estes ensinamentos que as duas saíram do cabeleireiro e se foram vestir para o jantar.
A cama de rede está na casa da L. mas consta que ainda não foi utilizada.

2 comentários:

  1. Já chorei a rir Mada. Esta tenho de partilhar, tanto mais que fui uma das protagonistas da história. Quanto a utilização da cama de rede, as minhas preferências tem sido outras e depois daquela descrição feita pela cabeleireira não estou com muita vontade de aparecer no dia seguinte com gesso e nódoas negras sabe-se lá onde.....seria caso para dizer UMA CAMBALHOTA BEM DADA. :))))))

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  2. Texto adorável. Divertido. Parabéns!

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