segunda-feira, 5 de julho de 2010

Crise: acidente, apuro, carência, escassez, falta, perigo, perturbação, etc., mas tudo negativo.

Uns amigos pediram-me ajuda para eu lhes marcar as férias via internet. Conheço os portais das viagens e faço isto com frequência: dizem-me quantos são, para onde gostavam de ir, quanto querem gastar e eu faço-lhes uma pequena selecção.
Estou de boca aberta com os resultados deste ano!
Os desejos dos primeiros interessados passavam por um combinado em Havana e Varadero e os segundos queriam ir ao Egipto, ambos durante a primeira quinzena de Agosto.
Porém, surpresa das surpresas, na data pretendida nem uns nem outros podem realizar a viagem. Porquê? Porque não há lugares! Estão esgotados!
Ontem no Jornal da noite dum canal qualquer ouvi a notícia que as taxas de preenchimento dos estabelecimentos hoteleiros do Algarve estão a 90% para Agosto, o que me parece muito bom para a indústria hoteleira.
Mas face a estas duas notícias pergunto: onde anda a carência, a falta, a escassez, ou seja, a Crise? Tendo em conta a minha vida, se calhar mudou-se lá para casa e só eu sei dela! Convive comigo, dorme comigo, está ali, tipo lapa, alojada na minha colmeia, sem manifestar querer ir-se embora, tomando conta de tudo, desde o frigorífico até ao combustível do carro.
Um local onde ela também não se mostra é nos festivais de música que pululam por Portugal: de norte a sul do país o Verão trás nomes sonantes, ou não, para nos deleitarem com as suas músicas, composições, interpretações, tudo a preços de chuva mas em altura de seca, e onde eu não vou, limitando-me a ver os cartazes que estão espalhados pela cidade, na televisão, nos jornais, nos transportes públicos e em mais mil sítios e sobre os quais ouvimos depois dizer que os números de espectadores foram enormes e as expectativas superadas.
Por outro lado ainda vejo os preços de roupa, calçado e acessórios anunciados em revistas e questiono-me sobre quem serão os compradores! Eu sou cliente fiel do mercado do Algueirão onde compro sandálias e sapatos (artigo do qual sou fanática, vá lá, para dar voz às minhas amigas...) a três euros o par e é por isso que tenho vários, está bem, muitos! Também compro nas lojas chinesas todo o tipo de chinesice uma vez que não consigo ir mais longe. Para além de roupa, da última vez que lá fui comprei  também um espremedor que se enfia na fruta e não ao contrário como habitualmente. É muito engraçado e fica mesmo bem dentro da gaveta dos talheres!
Quem me conhece sabe que não sou de me queixar e considero-me uma pessoa com pensamentos e atitudes muito positivas, mas vejo pessoas à minha volta com 600 e 700 euros de ordenados e tendo em conta que é a GRANDE maioria, fico sem resposta a várias perguntas: quem compra aquela roupa e aqueles sapatos? Quem vai ver os concertos? Quem vai de férias que até os aviões se enchem? Quem?
Será isto uma espécie de fenómeno tipo Gripe A? A Crise é a Gripe A mas com outro nome! Passamos da fobia de morrermos às pazadas com a gripe para a fobia com a crise; mas afinal onde está ela?
Em Maio de 2009 o director do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Jorge Torgal, no 3º Congresso sobre «Pandemias na era da globalização» afirmava que uma epidemia da gripe A em Portugal causaria dois a três milhões de infectados e 75 mil mortos. Desde há anos, com especial incidência nos últimos meses, que ouvimos falar da Crise mas, da mesma forma que a Gripe A só atacou algumas pessoas, a Crise segue o mesmo percurso.
Ora como, graças a Deus, não tive Gripe A, cabedou-me na sorte a Crise! E mais ainda, como este ano apenas uma pequena constipação me passou pelo corpo, agora, como uma espécie de compensação, num estranho mas verdadeiro equilíbrio, como uma retaliação da vida, a Crise instala-se de armas e bagagens lá em casa!
Ora porra! Desculpem lá, mas isto é demais!
A todos os que disserem que esta teoria não tem fundamento, uma vez que a Gripe A não matou o que se previa, nem às redondezas chegou e, assim, a Crise vai chegar a todos quantos não foram afectados pela gripe, eu pergunto: Então quem é que enche os aviões?
Não, há aqui outra coisa que não sei explicar, mas sei, de certeza garantida!, que a Crise está na minha casa.
Se alguém conhecer um bom exterminador de Crises, por favor, deixe-me aqui o contacto.

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