terça-feira, 20 de julho de 2010

Amazónia humana

O metro vai cheio. Como o apanho na primeira estação vou sempre sentada. Umas paragens adiante com o entra e sai de passageiros, senta-se um rapaz ao meu lado com cerca de vinte e cinco anos. Reparo nele porque tem uma t-shirt igual a uma do meu filho, verde bandeira com umas letras no peito. O rapaz já vinha no metro há algum tempo mas só quando se sentou é que vi que as calças de ganga que trazia vestidas tinham uns rasgões nas pernas, tal como algumas do meu filho. Porém, a diferença que se fazia ver, era enorme: dos buracos nas calças saiam uns tufos enormes de pelos, negros, pontiagudos, muitos! Parecia que o rapaz tinha um canavial plantado na perna esquerda.
Não era só eu que lhe mirava as pernas, várias pessoas tinham os olhos colados na abertura – que provavelmente fez com que as calças fossem mais caras! – de onde saia aquele arbusto fulgurante. O rapaz levava uns auscultadores enormes na cabeça, que abanava ligeiramente ao som da música, que eu conseguia ouvir perfeitamente e parecia não dar conta que era o protagonista daquela viagem de metro, como se fosse ali uma árvore cujo ramo abanava diante dos olhares meios gozões, meios de surpresa.
A tomar como exemplo aquela singela abertura ele devia ser uma espécie de Amazónia humana, o que me lembrou um actor brasileiro conhecido pelo seu aspecto peludo, como se usasse um tapete de pelúcia de pelo comprido, a cobrir-lhe o corpo.
Se o meu companheiro de viagem fizesse a depilação devia perder uns dois ou três quilos, garantidamente!

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