terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Dia de passeio

Na canção do Rui Veloso bebe-se a brisa marinha e aprecia-se a paisagem. Não pintei os lábios de vermelho nem passei meia hora ao espelho e daí, talvez, não tivesse apreciado paisagem alguma.
Comecei o dia com uma reunião na avenida de Berna e, desde a saída do metro até ao destino, foram uns bons vinte minutos: atravessar a Praça de Espanha a pé não é brinquedo.
Os semáforos descombinam para os peões, abre um e fecha o outro logo a seguir, abre este e fecha o seguinte.
O transeunte pára a cada passo, afastando-se do alcatrão o mais possível pois a água acumulada é lançada pelos rodados dos veículos, bate-nos nas pernas sem pedir licença e assim se avança, como numa dança, pára, afasta, passa, pára, afasta, passa.
Não sei se o mar estava em contestação, mas o céu estava em agonia, chovia e chovia e chovia.
Não houve inundações porque tendo eu feito o percurso a pé, sem chapéu-de-chuva, apanhei a água toda e trouxe-a comigo.

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