Algo estranho acontece
O nosso amor chega sempre ao fim
O nosso amor chega sempre ao fim
Tu
velhinha com o teu ar ruim
E eu
velhinho a sair porta fora
Mas
de amanhã algo estranho acontece
Tu
gaiata vens da catequese
E eu
gaiato a correr da escola
Mesmo
evitando tudo se repete
O
encontrão, a queda, e a dor no pé que
O
teu sorriso sempre me consola
No
nosso amor tudo continua
O
primeiro beijo e a luz da lua
O
casamento e o sol de Janeiro
Vem
a Joana, a Clara e o Martim
Surge
a Pituxa, a Laica e o Bobi
E uma
ruga a espreitar ao espelho
Com
a artrite, a hérnia e a muleta
Tu
confundes o nome da neta
E eu
não sei onde pus o dinheiro
O
nosso amor chega sempre aqui
Ao
instante de eu olhar p’ra ti
Com
ar de cordeirinho penitente
Mas
nem te lembras bem o que é que eu fiz
E eu
com isto também me esqueci
Mas
contigo sinto-me contente
Penduro
o sobretudo no cabide
Visto
o pijama e junto-me a ti de
Sorriso
meigo e atrevidamente
Ao
teu pé frio, encosto o meu quentinho
E
adormecendo lá digo baixinho
Eu
vivia tudo novamente
Poema de Pedro da Silva Martins
Poema de Pedro da Silva Martins
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