segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Django, precisa-se.


O pai foi fiador do filho. O filho não pagou. O pai afinal, também não tinha como fazê-lo. Nova hipoteca à casa do fiador, a mulher a repetir em ladainha, em que ficamos sem a nossa casinha. Cala-te mulher, não agoires!
Mandam uma carta a dizer que o valor em dívida é de 24 mil euros. Depois mandam outra a dizer que houve um engano. A dívida é 50 mil euros. Desculpem lá, foi engano nosso. Como engano vosso? Dobram a dívida sem mais nem menos? Mas o que é isto? Isso já não sei, só sei que foi engano, os 50 mil é que estão certos. E vai de advogados, de mais bancos e avaliações, são apresentados a um executor de dívidas.
Os outros são apresentados a pessoas do jet set, ao chefe do filho, ao namorado da filha, nós somos apresentados a um executor de dívidas, ai homem, que ainda ficamos sem a nossa casinha. Cala-te mulher. A voz do homem a mandar calar a mulher já não é sentida, é uma ameaça medrosa, cheia de pavor. Terá ela razão?
O fiador tem outro filho. Menor de idade. Regressa da escola e vê um homem a colar um papel na porta. O homem já não cola o papel. Entrega-o ao menor dizendo que o dê ao pai e à mãe. O filho menor telefona ao pai, pai deixaram aqui um papel a dizer que a nossa casa está penhorada que temos um mês para sair, isto é o quê?
O pai não sabe o que dizer, não conta à mulher e dá instruções ao filho menor que se silencie sobre o assunto diante da mãe, chama o filho mais velho, ai meu deus e agora?
Juntos verificam que o papel fala em 104 mil euros de dívida. Correm ao banco, ao advogado, ao executor. Num mês passaram de 24 para 50 e agora para 104 mil euros? Mas está tudo doido ou quê?
A meio das andanças, sem vontade, lá atende um telefonema reconhecendo que o número é do seu trabalho. Sr. X, é só para avisar que recebemos uma ordem para lhe penhorar parte do ordenado.
Passam três dias.
Três dias em que não vai trabalhar para recolher certidões, ir a conservatórias, a mais advogados, falar com gestores bancários. Três dias em que tem que meter férias ou resignar-se a que lhos descontem do ordenado, que descontados estão já transportes para lá e para cá, noites sem dormir, dores de cabeça de proporções inimagináveis, palavras gastas, até parece que fala chinês e ninguém o entende.
Afinal foi engano. Desculpe lá, são mesmo os 24 mil, olhe a sorte que o senhor X tem.
Sorte tens tu porque o senhor X não tem uma pistola. Mas que alguém merecia um tiro nesses cornos, ai isso merecia. 

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