sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A rapariga que não gostava de livros com capas dobradas - XIII

Havia duas noites que dormia como queria e apesar disso tinha pesadelos. Talvez fosse do cheiro a mofo do colchão, palco de intensas aventuras de vários casais de pulgas e outros bicharocos que por lá decerto passaram, ou talvez fosse do facto de dormir acompanhada, pois tinha dormido com o filho, num encantamento que lhe parecia um sonho, ele ali ao seu lado, ela a mexer-lhe e a cheirar-lhe o cabelo.
O dia seguinte começou com uma sessão de cabeleireiro e manicura. Não que o seu cabelo desse para grandes penteados pois só o deixara crescer quando soube que sairia da prisão, mas uma lavagem por outras mãos e um shampoo aplicado com uma massagem, valiam pela vida. Depois entretiveram-se nas compras numa loja onde Paulinho também foi brindado com algumas peças de roupa, óculos de sol para os dois e um passeio a pé perto da praia onde costumava ir e onde constatou que em três anos pouco tinha mudado. O telemóvel do filho tocou várias vezes e, pela conversa, percebia que era o pai a querer saber da condenada.
- Em que estás a pensar mãe?
- O que fará a tua tia, o marido e os avós...
- Não sei... ao princípio ela teve bué discussões com o pai, gigantes, ‘tás a ver? E depois disso só a vi mais duas vezes. Disse-me que ia embora e que quando chegasse me escrevia a dizer exactamente onde estava, o que nunca aconteceu. Os avós convidaram-me também muitas vezes mas era o pai que me levava lá e ele ficava no carro e dizia-me para eu não me demorar. E depois foram-se embora e eu fiquei sozinho com o pai... e depois veio a Adelaide.
- Fala-me da Adelaide...
- Ela até é porreira... o pai conheceu-a numa viagem que fez e começaram a namorar poucos meses depois de tu teres sido pr...
O miúdo estacou com o ...esa na garganta pensando que magoava a mãe. Ela sorriu e disse-lhe que as palavras não interessavam nada e que, afinal ela tinha mesmo estado presa por isso, que outra coisa haveriam de dizer?
- Um dia contas-me mãe? Contas-me mesmo à séria como era lá dentro?
A mãe sentiu uma tristeza profunda e respondeu:
- No avião, boa? Teremos imensas horas para conversar. Prometo.
- Isso quer dizer que vamos? – perguntou Paulinho no auge da excitação.
- Sim, vamos – respondeu enquanto abraçava o filho e rezava interiormente para não estar a fazer, agora sim, a asneira da sua vida, agora sim, consciente e de livre vontade.
Sabia que as palavras de Francisco e a forma como as pronunciara, com o pronome carregado de desdém e de desprezo, a tinham influenciado na decisão. Ouvia ainda aquele ela, dito com altivez, como se se referisse a alguém que nem conhecia, quando estava a falar da mãe do filho. Além disso, pensara e repensara que a irmã devia ter tudo pensado e o X falou mais alto, sinal que podia confiar nela.
A cada minuto mais se convencia que havia um motivo muito forte para tudo aquilo e a irmã saberia que os riscos iriam valer a pena, caso contrário não lhe proporia aquela aventura louca.
Sim, iam ao Peru. Sim, iam em direcção das pessoas que mais amavam. Sim, iam em busca de respostas. Sim, iam confiar.
Depois de mais dúzias de recomendações via telefone o pai lá se preparou para viajar no dia seguinte bem cedo, atormentado como uma rocha onde as ondas batem sem cessar, assolado por maus agoiros que lhe vinham do conhecimento da sua – ainda – mulher, com queda para a aventura, com desejos de mudança, com vontade de correr riscos e tinha a certeza quase absoluta que ela era culpada da acusação que lhe fizeram pois vira naquela oportunidade, uma oportunidade de fazer qualquer coisa fora da sua rotina que tanto odiava.
De vez em quando era afogueado pela dúvida e quando colocava, ainda que longinquamente, a possibilidade de ela ter sido vítima das circunstâncias, logo se lembrava que ela sempre vivera com os pés na lua e talvez fosse influenciada pelo Peréz-Reverte e tivesse resolvido brincar às rainhas do sul, pois dificilmente distinguia a realidade das leituras que fazia, e ele sabia que aquela mania dos livros que ela e a irmã cultivavam não era de todo saudável e já lá diz o povo, nem tanto ao mar nem tanto à terra e agora que tinha uma vida sossegada, sem os temporais dela – e da família dela! – por perto, estava decidido a fazer tudo para que ela não a viesse perturbar. Daqui a uma semana regressaria para pôr tudo nos eixos, tanto mais que a escola começaria em breve e ela iria participar o menos possível na vida escolar do filho. Este pensamento provocou-lhe um sorriso pois lembrou-se subitamente que ela lhe tinha mencionado o facto de esperar um contacto para arranjar emprego e ele consolou-se pensando que seria bem longe de Lisboa e, já que ela gostava tanto de viajar, pois que fosse para a Sibéria e ele até ajudaria a pagar o bilhete!
Se ele sonhasse com os planos da mãe e do filho – Rosa e Luís – dava-lhe uma apoplexia que o deixaria morto.
- Mãe, vamos quando? Ainda vais ver a Luísa e a Lena?, perguntou o filho referindo-se às amigas mais chegadas da mãe.
- Não, elas não sabem que saí e é melhor que fiquem assim. Quantas menos pessoas contactarmos mais fácil será, até para não terem que mentir por nós. Vamos embora amanhã, o mais rápido possível.
- Como vamos para Madrid mãe? De avião?
- Não, de comboio. Assim os registos só terão informação duma Rosa e dum Luís a partir de Madrid.
- Mãe, vou já telefonar p’ró tal número a dizer que vamos amanhã e...
- Espera... não telefones do teu telemóvel, vamos aos Correios.
- Porquê? Os Correios estão fechados hoje...
- Porque é mais seguro... filho, tu já te apercebeste da dimensão daquilo que vamos fazer?
- Sim mãe, eu...
- Espera, deixa-me falar... bem sei que uma viagem ao Peru, é qualquer coisa muito atractiva, mas nós não vamos de férias, nós vamos clandestinamente, com nomes falsos – e aqui baixou a voz, como se pudessem estar a ser escutados – e nem sabemos quando voltamos, mas uma coisa é certa, o teu pai vai pôr a polícia do mundo inteiro atrás de nós... todos os cuidados são poucos e a tua tia dá-me todas as indicações para não confiar em ninguém.
- Tens razão mãe, tens razão... mas como temos que telefonar com 24 horas de antecedência, vamos ver a que horas são os comboios e vamos marcar tudo o mais depressa possível.
Abriu o computador portátil, entrou na página da CP e viu que o Lusitânia saia de Lisboa diariamente às 22.30 e chegava a Madrid às 8.58h.
- Mãe, só há comboios de noite, temos que dormir no comboio. Temos dinheiro, não podemos ir de táxi? Quanto será ir de táxi até Madrid?
- Nem pensar! Com toda a facilidade falavam para as empresas de táxis e em três tempos descobriam o taxista que nos levou a Madrid!
- Oh mãe e se tu pedisses à Lena? Ela não nos levava sem dizer nada?
- Levava filho, tenho a certeza, mas já te disse que é melhor não meter ninguém ao barulho... Olha, vê aí os aviões para Lima.
Paulo começou a pesquisar mas de repente disse:
- Mãe, não é melhor telefonar primeiro?
- Sim tens razão, mas não do teu telefone...
- Tenho uma ideia: vou comprar um cartão de telefone e ligamos desse número, o que achas?
Perante a anuência da mãe, Paulo saiu de casa e foi ao Centro Comercial fazer a compra. Ela ficou em casa agarrada às estantes à procura de algum exemplar do tal livro que a irmã lhe falara, O Ingénuo. Podia não ser nada, mas já agora, era melhor ter a certeza e, se tivesse o livro em casa, tanto melhor.
Paulo regressou com dois sacos com caixas de comida já pronta.
- Mãe, para não termos que sair de casa, comprei comer. Não sabia bem o que trazer e então optei por bacalhau com natas e entrecosto com arroz de feijão e uma sobremesa.
Sopa, feijão, arroz, frango, carne à jardineira e muito peixe frito, tinham sido a base da ementa dos últimos anos. Muita fruta onde as pêras eram rainhas e os pêros estavam sempre presentes, apesar dela teimar em pedir a todas que lhe chamassem maçãs porque vinham das macieiras e não dos pereiros. Sobremesas só no Natal, quando havia também bolo-rei, umas filhoses e mais nada. Espreitou o interior do saco, sorriu ao filho, foi buscar uma colher, destapou uma das tacinhas e comeu o tiramisu com prazer. O filho riu-se, fez o mesmo e só depois da sobremesa comida é que jantaram. No final da refeição, o rapaz disse:
- Mãe vou fazer o telefonema.
Trocou os cartões de telefone, ligou, deu as referências dos bilhetes e do outro lado disseram que tinham lugares já no dia seguinte no voo das 13 horas locais.
- Um momento por favor – pediu o rapaz e virou-se para a mãe
- Dizem que pode ser já amanhã, saímos à uma da tarde e chegamos lá à uma da manhã. O que achas?
- Amanhã? Mas ainda precisamos de chegar a Madrid e... olha, pede para confirmares daqui a bocado.
Paulo fez como a mãe lhe pedia e quando desligou o telefone disse:
- Mãe, ainda estamos a tempo de apanhar o comboio de hoje. Chegamos lá cedo e a horas de apanhar o avião! Na boa!
Sorrindo ficou à espera que a mãe comungasse do seu entusiasmo, e a mãe começou a fazer contas:
- Paulo, afinal para onde vai o pai? Nem fiquei a saber...
- Eles vão para a República Dominicana, o avião saí amanhã às 8 da manhã e chegam lá às 6 da tarde. Mãe, é perfeito, ‘tás a ver? Quando eles saírem daqui no avião já nós estamos em Madrid. Mãe...
A mãe tinha o coração aos saltos no peito, a respiração ofegante como se tivesse corrido e sentia-se desconcentrada com tanta informação.
- Que horas são? Perguntou devagar quase a medo.
- Sete e meia... apanhamos um táxi a vamos apanhar o comboio a Santa Apolónia. Mãe... se for assim, depois de amanhã estamos com a Tia Teresa...
A mãe suspirou e não conseguiu evitar começar a chorar. Ia mesmo? Ia mesmo levar o filho de acordo com as indicações da irmã? Sabia que no momento em que saísse de casa tudo seria irreversível. Ia ou não ia? Não podia pedir conselho ao filho pois já sabia o que ele ia responder. Meu Deus, ajuda-me, pensava com o coração a bater aceleradamente. E se as pistas das cartas fosse tudo imaginação da sua cabeça e não passassem duma loucura de quem acumulou saudades ao longo de três anos? A dúvida mantinha-se mas a confiança falou mais e disse:
- Está bem... mas vamos fazer as coisas com precaução. Liga já outra vez e pergunta se podemos de certeza ir amanhã a essa hora. Se pudermos, vamos apanhar dois táxis: eu apanho um ali em baixo à porta do centro comercial e tu apanhas outro ao pé da igreja, vais ter que ter paciência e vais a andar até lá e...
- Na boa mãe!
- Depois cada um compra o seu bilhete no comboio
- Mas mãe, assim não podemos ir juntos e são muitas horas e...
- Calma, podemos sim... eu já explico como. Vá, liga lá e confirma que eu vou ali arrumar umas coisas.
Paulo, utilizando o novo cartão que tinha comprado para o efeito, confirmou as marcações ao telefone, desligou e a mãe ouvi-o a falar novamente:
- Boa noite, eu estou atrasado para apanhar o Lusitânia e não tenho bilhete. Sabe dizer-me se ainda há lugares?
- ...
- Hã... não sei, um qualquer.
- ...
- E tenho que comprar o bilhete até que horas?
- ...
- Obrigada, boa noite.
- Mãe, têm bilhetes, disseram para comprarmos o mais depressa possível e perguntaram se era sentado ou com cama...
- Senta-te aqui e ouve-me com atenção: a Tia disse para não levarmos roupa por isso leva o essencial. Sais daqui, apanhas o táxi onde eu disse, sais em Santa Apolónia e compras um bilhete com cama, mas ida e volta, percebes? Eu faço o mesmo e compro outro e depois a meio da noite um de nós muda. Vamos embora.
- Ida e volta?
- Sim, assim levanta menos suspeitas, pedes a volta para daqui a dois dias.
Abraçaram-se e Paulo carregou o portátil na mochila e foi buscar outra mochila com roupa que tinha trazido da casa do pai e começou a tirar peças de roupa para fora.
- Levo as calças que tenho vestidas, mais duas t-shirt’s e dois boxeurs, achas bem?
- E o blusão de ganga que trazias.
- Sim, tásse bem mãe – respondeu com um sorriso de orelha a orelha.
A mãe meteu duas mudas de roupa interior, um casaco leve e um par de ténis que comprara no dia anterior. A calças eram novas e iam durar a jornada inteira tal como as do filho.
Fecharam a porta à chave e saíram agindo tal como tinham combinado. Porém, quando entrou no carro, pediu para ir em direcção à casa do marido. Escrevera-lhe um bilhete como se tivesse sido escrito uma semana depois, no dia da chegada de Francisco de férias, e meteu-o na caixa do correio da casa ao lado. Rezava para que o vizinho pensasse que tinha sido engano e o colocasse no sítio certo sem comentar o dia em que o tinha recebido. Como no dia seguinte se levantariam muito cedo era altamente improvável que o vizinho lho entregasse imediatamente. Assim, quando regressasse leria o bilhete que dizia sumariamente que tentara falar-lhe e que o telefone desligado não o permitira, comunicando-lhe também que iria ‘passear’ com o filho e logo que possível, dariam notícias.
Como tinha tido o cuidado de pedir ao taxista que parasse uma rua antes daquela onde Francisco morava, foi a pé até à outra rua, em sentido contrário e aí apanhou outro táxi em direcção a Santa Apolónia. Levava consigo quase 500 euros, um saco com meia dúzia de coisas, entre as quais as fotografias mas onde já não constava a de Francisco, e algo lhe dizia que se ia passar algum tempo até regressar de novo.
As viagens de táxi eram angustiantes como quase tudo desde que saíra da prisão. Pensava se apareceria alguma operação stop, se o táxi tinha um furo, tudo lhe passava pela cabeça e não perdia aquela sensação de estar a sonhar.
Quando chegou à estação agiu como combinado; não viu o filho mas pensou que ele devia andar por ali, cumprindo a combinação e não se aproximando; dirigiu-se à bilheteira e registou com agrado que havia fila na bilheteira. Óptimo, assim não seria notada.
Pediu uma cama e o homem perguntou-lhe em que classe, enumerando as disponíveis. Decidiu-se pela turística pensando que devia ser a que levava mais gente e era mais um passo para não darem por ela.
Viu que faltava um quarto para as dez, foi beber um café e comprou uma mão cheia de revistas, tal como viu fazer a outros passageiros. Tanto tempo sem ler coisas frescas, mesmo que fossem sobre o jet set nacional ou sobre as novelas que não via há séculos, criaram-lhe uma perspectiva agradável. Sentia uma euforia interior por poder fazer o que lhe apetecesse, mesmo que fossem coisas simples, como entrar num bar e pedir um café.
Não via Paulo em lugar algum e começou a ficar de tal forma nervosa que sentiu vontade de vomitar, uma vontade que não conseguiu controlar e dirigiu-se à casa de banho da estação. Quando ia a entrar, saiu um polícia, o que a deixou pálida de tal forma que o homem perguntou-lhe se se sentia bem. Respondeu que sim, mas que acabava de chegar e costumava enjoar no comboio. O homem deixou-a entrar na casa de banho, onde lavou a cara e imediatamente se sentiu melhor. O filho andava por ali e devia estar preocupado de não a ver. Olhou-se profundamente ao espelho e pensou Tu tens coragem para isto e para muito mais. Aguentas-te três anos naquele sítio, aguentas tudo. Não conheces o motivo pelo qual aqui estás nem porque vais fazer o que vais fazer, mas há uma razão forte e brevemente vais ficar a conhecê-la.
Saiu da casa de banho e dirigiu-se à gare. Continuava sem avistar o filho, mas entrou no comboio. Acabou por sair novamente pois a carruagem não era aquela e um dos revisores encaminhou-a para a carruagem certa. O comboio era enorme e levariam algum tempo a encontrar-se; ia deixar que começassem a andar e ia procurá-lo. Deitou-se na cama da pequena divisão que lhe serviria de quarto nessa noite e fechou os olhos, com o coração a bater descontroladamente e a sensação de náusea ainda presente. Acordou estremunhada com o revisor a bater-lhe à porta e a pedir-lhe o bilhete. Sentiu o andamento do comboio e perguntou:
- Onde estamos?
- A chegar ao Entrocamento.
E o Paulo? Onde estava? Teria perdido o comboio? Teria desistido? Sentiu um nó no estômago, mostrou o bilhete, e quando o revisor ia sair, baixou-se, apanhou um papel e perguntou:
- Isto é seu?
Tirou o papel das mãos do homem, que avançou de couchete em couchete e pensou que estava farta de cartas por baixo da porta. Quando leu sorriu.
Mãe
Quando acordares vai ter comigo ao bar do comboio. Só o apanhei na estação do Oriente pois assim nem sequer entrámos na mesma estação
Bjs

Suspirou de alívio. O filho estava no comboio. Agarrou na mala de mão e foi avançando à procura do bar. Avistou Paulo assim que entrou, mas verificou que ele estava acompanhado por um casal estrangeiro. Pediu um chá e uma torrada e, como todas as mesas estavam ocupadas, dirigiu-se à do filho e perguntou se se podia sentar ali. O rapaz fez o papel na perfeição, disse que sim e continuou de conversa com o casal de espanhóis. Finalmente lá se foram embora e ele disse que assim que entrara fora procurá-la, mas encontrara-a a dormir, motivo pelo qual se viera ali sentar e lhe deixara o bilhete.
- Já estou um bocado farta de bilhetes e de cartas. Ansiei por elas durante três anos e agora em dois dias recebo mais correspondência que o Pai Natal...
O filho riu-se da comparação e a mãe continuou:
- Paulo, estou muito nervosa... estaremos a fazer bem?
- Calma... está tudo bem e vai correr tudo bem... vamos deitar-nos e quando acordarmos estamos em Madrid.
A carruagem bar estava meio vazia e lá foram aos tombos até à cama dela.
- Não sei se vou conseguir dormir...
- Eu fico aqui até adormeceres mãe. Olha e amanhã quando chegarmos à estação?
Ela não parava de suspirar e sentiu novo aperto no peito: ainda nem tinha pensado nisso. A estação seria longe do aeroporto? Bem, tinha ouvido dizer que o aeroporto de Lisboa era o mais próximo do centro da cidade de todas as capitais da Europa logo, partindo do princípio que a estação seria no centro da cidade, o aeroporto não devia ser perto da estação.
- Fazemos da mesma maneira: cada um apanha um táxi diferente e encontramo-nos lá.
- Olha eu estive a perguntar aqueles dois como ia para o aeroporto e eles disseram que de metro não chega a meia hora. Tu podias ir de táxi e eu de metro, o que achas?
- De metro? E se te perdes? Se há um atraso, uma avaria, sei lá...
- Mãe, não vamos pensar nisso... mas eu acho melhor. Olha outra coisa, nos passaportes diz que somos brasileiros, não era melhor começarmos a treinar?
Enquanto dizia isto imitava o sotaque brasileiro e conseguiu arrancar um sorriso à mãe. Combinaram tratar-se desde já pelos novos nomes, embora ela tivesse reticências sobre a utilização do sotaque.
Paulo ficou com a mãe até ela adormecer e só depois se foi deitar.

1 comentário:

  1. Desde o primeiro momento que soube que eras tu que atiravas areia às ondas tal como atiras as palavras contra o que lhes serve de suporte. Obviamente gosto. Jinho à "Carmen"

    ResponderEliminar