Mana querida
Acabo de comprar a revista de viagens! Adivinhas o que lá vem? Outra carta minha!
Aqui ta envio, para em seguida me telefonares…
“Há algum tempo que suspeito que Deus é vosso prisioneiro.
Agora tenho a certeza e disso quero dar notícia pública! Têm que ser publicamente acusados! Enganam-se se pensam que não estou atenta… aos poucos, desde há tempos para cá, introduzem pinturas em vez de fotografias em reportagens feitas com mão divina, para as quais vocês fabricam a autoria. São pinturas de sonhos, daqueles sonhos coloridos e doces, onde tudo é pintado com pincéis feitos de nuvens… são pinturas de cenários de filmes e não da realidade… sim, não me queiram convencer que AQUILO existe…
Por um qualquer processo, com certeza também com recurso às tecnologias disponíveis, vocês cometem ilegalidades do tamanho do mundo… roubam sonhos íntimos de cada um de nós, comuns cidadãos, e usam-nos sem apelo nem agravo, fazendo-nos crer que existem mundos que não existem… quem poderia cometer tal acto, senão a própria mão de Deus? Que pintou um local, a que aí chamaram Provença, e cujas imagens nos aparecem como se fossem fotografias… mas não são… Muito me agradaria saber como fazem: transportam-se para outros mundos paralelos ao nosso com recurso à física quântica? Ou são mesmo telas pintadas por Deus, de paisagens onde só a Sua imaginação tem acesso?
Provença…? Onde diabo fica a Provença? Na França? Mas a França não é aquele sitio onde está uma torre que se pode subir, com um nome dum francês que também andou por aqui, em Portugal?… ah, a França é muito grande? Fraca argumentação para quem tem em seu poder o poder de fazer o que vocês fazem… e contudo, não posso deixar de o dizer, é tudo tão real, parece mesmo de verdade, as casas, as pessoas, as cores, a mescla de tudo e o texto muitíssimo bem alinhavado, como uma renda, um bordado divino…
É na mistura do conjunto que se percebe que tudo não passa duma ilusão! Não há falhas, buracos a serem preenchidos: as flores são perfeitas, o ocre das casas faz-nos sentir calor, o verde da água dá-nos frescura, as escarpas e os desfiladeiros obrigam-nos a sentir o vento, olhamos o circo romano e ouvimos gritos de centuriões, os arcos da abadia trazem-nos a calma que leva à reflexão…
Como puderam pensar que iam passar despercebidos? Como puderam pensar que todos iam olhar para o vosso trabalho e considerá-lo obra vossa, única e exclusivamente? Como puderam inventar locais que ainda não foram descobertos pelo Homem? Como puderam alcandorar-se a aprisionar Deus e a dar-lhe tarefas como escrever ou pintar… agora percebo o porquê de tanta gente andar com esta Bíblia nas mãos…”
Tua irmã do coração
Camila
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
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