segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Volta Bobby, estás perdoado

Tendo decidido saltar por cima deste Natal, aborreço-me ainda mais que o costume com a publicidade que passa na rádio. Em cada dez anúncios, onze mencionam o Natal, e mais umas promoções e mais uma oportunidade única, até parece que o mundo vai acabar logo a seguir ao Natal.
Com tanto que gosto de ouvir rádio, fui mudando de estação na esperança de haver uma que não mencionasse o Natal, mas qual quê?, ele são festas, espectáculos, acções de solidariedade, pedido de voluntários, é Natal nos canais de música clássica, de jazz, infantis, é Natal em... é lá... que é isto?
Intrigo-me pelo facto de há cinco minutos não ouvir dizer Natal nem bolas nem estrelas nem bolo-rei, nem passagem do ano e apuro o ouvido. Apuro o ouvido e o olhar como se um auxiliasse o outro diante do velho rádio leitor de cassetes, tão quieto mas tão capaz de fazer tanto barulho, os rádios são engraçados por esta dupla essência, pelo que têm de escondido, como vários outros equipamentos.
Bom, acho que instintivamente o meu corpo sabe que não vale a pena apurar o tacto ou o cheiro, que daqui também não sairá grande ajuda, aumentam os minutos sem que se ouça a palavra Natal, aliás, agora que estou bem atenta percebo que não dizem Natal ou qualquer outra palavra que eu perceba... estou no paraíso, estou a ouvir uma rádio indiana!
Lembro-me imediatamente do único filme indiano que vi na minha vida, algures à volta do 25 de Abril, directamente de uma Bollywood ainda em ascensão mas já prometedora e ao qual Quem quer ser bilionário? não deve nada, felizmente.
Senti uma saudade enorme dessa lembrança esbatida, de um tempo em que era tão feliz que até podia entrar no final de um filme indiano, talvez de Bobby, o tal que vi. Acabo a rir à gargalhada, sozinha, depois de um pesquisa no Youtube onde descubro as canções do filme assim como os óculos, simplesmente magníficos, de gigantes, do protagonista.
O programa de rádio, Swagatam, Som do Oriente, passa  na Rádio Orbital (em 101, 9 FM, grande Lisboa) aos Domingos das 10 às 14h, e para mim é uma boa alternativa sob vários aspectos: é uma forma diferente de fazer rádio, se ouvirmos muito e com atenção podemos até tentar perceber o que dizem, ficamos a saber novidades sobre as comunidades indianas em Portugal e, claro, muita música e bandas sonoras, verdadeiros convites para visitarmos lojas indianas aqui e ali, leitura de cartas de espectadores, envio de parabéns e todo um mundo de contacto directo com os ouvintes, assente nas melodias que vibram com o toque próprio da música indiana e, como se tudo isto não fosse suficiente, sem Natal.
Namasté!

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