Dizem que gostava muito de
mim.
Dizem que eu gostava muito dele.
Dizem que eu lhe chamava um nome que não
sabem reproduzir, como sempre se diz que as crianças pequenas chamam de forma
diferente, como se inventassem novas palavras quando apenas tentam reproduzir o
que ouvem e sai de forma distinta.
Dizem que eu corria para ele e ele tinha
imensa paciência comigo.
Dizem que está no hospital
em coma depois de ter tido um acidente onde o carro embateu num cavalo e noutro
carro.
O cavalo, como o de Tróia, sem saber instalou a morte, a dor, o espanto,
a solidão, o nada no interior daquelas famílias.
Mesmo sem me lembrar dele
confesso uma tristeza por saber desta tragédia, maior que outras tragédias,
porque a proximidade é factor de dor, como todos sabemos, mesmo que não nos
lembremos.
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