terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O'lhó passarinho

Amigo de um amigo de um amigo, filho de pais filhos da terra natal dos meus pais, pelo apelido será primo ou parente caçula de um antigo namorado meu, agora é fotógrafo e somos amigos no Facebook, essa instituição.
Não sendo captador de momentos da vida das flores nem de gatos fofos, mas antes do espaço aberto da paisagem alentejana, gosto de ver as fotos que vai publicando e, ocasionalmente, até as comento, por me agradarem aqueles castanhos e os amarelos, os encarniçados a sobreelevarem-se sobre um pontual verde no estio.
Tem mérito o rapaz. Mérito como fotógrafo, que como pessoa não lho conheço, ou melhor, ontem fiquei com uma ideia, uma ideia fotográfica, daquelas que vão permanecer.
Aparentemente havia um concurso de fotografia a decorrer e era suposto que nós, os amigos, amigalhaços do peito, votássemos para eleger o vencedor. A propaganda eleitoral é muito original: passa por uma mensagem, pública ou particular, a pedir isso mesmo, Votem em mim! Por seu lado, o boletim de voto é um clique num endereço que o candidato nos envia, muito fácil.
Ontem, o meu querido amigo publicou uma mensagem a agradecer a todos quantos votaram nele. Teria sido um gesto bonito se ele não tivesse acrescentado meia dúzia de palmadas e um responso para todos aqueles que não votaram! Li duas vezes, que o meu raciocínio nem sempre é o melhor e achei que não tinha percebido, que tinha lido à pressa, o problema seria meu com certeza.
Desentorpeci os dedos e deixei uma mensagem de tristeza e de reclamação:  então e se não gostarmos das tuas fotografias? então e se quisermos votar noutras? então e se simplesmente não quisermos votar?
O rapaz não se fez rogado e usou o seu mais forte argumento, custa alguma coisa dar um clique? acrescentando Grandes amigos, o que vi logo que não era para mim pois, como ficou expresso ontem, só tenho 1,62m.
Mandei-lhe uma mensagem privada do tamanho dos dois Alentejos e das Beiras a explicar que lhe ficava muito mal aquela atitude, que não se podia votar em alguém só porque era nosso conhecido ou só porque nos pedia; retorque ele que é o que todos fazem, que se limitou a agir como todos agem, que quantos mais amigos se tem, mais hipóteses se tem de ganhar e, repetiu, custa alguma coisa dar um clique?
A mim custava-me manter a conversa e, depois de um Fica bem, desliguei o computador.

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