O Outono, qual cigarra preguiçosa, apercebeu-se de repente que estava de malas aviadas e que dia 21 de Dezembro estava a chegar. O trabalho não estava feito, nem tão pouco mais ou menos, e de repente bufou com força para cima de todas as árvores que se viram intimadas a deixar cair as folhas, todas ao mesmo tempo, em todas as terras. Resultado, as ruas, as estradas, os passeios, as sarjetas, os tejadilhos dos carros e, não é que eu tenha visto, mas a fé diz-me que sim, até em certos telhados há folhas castanhas espalhadas, sem ordem nem lei, perigo maior para os transeuntes e espectáculo garantido para mirones em locais estratégicos onde, de vez em quando, pumba, lá vai estoiro em forma de queda, como se o universo tivesse decidido que todos os que por ali passassem seriam acrobatas.
Consequentemente, nos últimos dias tenho andado mais devagar, bem mais devagar e embora veja as folhas a serem apanhadas, no dia seguinte são ainda mais, o que me leva a garantir que, se em algum local não fossem varridas, deixaríamos de ver certas árvores, afogadas em si próprias. Apesar de mórbida, a imagem apresenta-se-me linda e até romântica.
Consequentemente, nos últimos dias tenho andado mais devagar, bem mais devagar e embora veja as folhas a serem apanhadas, no dia seguinte são ainda mais, o que me leva a garantir que, se em algum local não fossem varridas, deixaríamos de ver certas árvores, afogadas em si próprias. Apesar de mórbida, a imagem apresenta-se-me linda e até romântica.
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